Entendendo a Curva Exponencial do Coronavirus
Vídeo-aula sobre o crescimento exponencial da pandemia do coronavírus.
Professor e engenheiro, se propõe a explicar porque o crescimento exponencial não é tão óbvio quanto parece!
Ressalva: A pergunta inicial obviamente considera que as vitória-regias são todas do mesmo tamanho.
Ressalva 2: “Ponto crítico” não é o termo técnico correto para o ponto de não retorno que me referi. (Quando não é mais possível frear o crescimento exponencial) Mas você entendeu 😉
Nudez
Desde 0 dia 27/03 o capitalismo brasileiro ficou nu. Em muitas cidades houve carreatas repetindo a homicida exortação de que o Brasil não pode parar.
Os burgueses, protegidos dentro dos carrões, exigem que seus empregados voltem a trabalhar para gerar riqueza. Bingo! Epifania! Revelação!
O que gera riqueza não é o capital. É o trabalho!
A burguesia enfim percebeu que o capital imobilizado em máquinas, equipamentos, estoques e sistemas de computador não gera riqueza.
Sem o trabalho dos empregados o capital é inútil. Tanto quanto os capitalistas, essa classe parasitária que – sem nada produzir – vive da exploração dos trabalhadores.
Só há riqueza porque houve exploração do trabalho de alguém. O que gera o acúmulo de capital é a parcela não paga sobre o trabalho humano.
Essa parte não remunerada do trabalho dos empregados (mais-valia) é acumulada pelos empregadores sob a forma de capital. Os que desfilaram buzinando fizeram verdadeiro striptease ideológico. Descortinaram para todos como funciona o capitalismo. Exigiram que os governos assegurem e garantam o que entendem ser seu direito, o direito a explorar, o direito a ficar com a mais-valia produzida por seus empregados. Morrerão milhares de pessoas?
Certamente sim. Mas isso está dentro das regras de um jogo chamado capitalismo. Existe um exército de reserva a ser mobilizado para ocupar as vagas dos que fenecerem. O que não admitem – vampiros – é que seus lucros e capital sejam comprometidos por decisões estatais que imponham o isolamento social.
Entendem ter o direito de sugar até a última gota de sangue dos trabalhadores, antes que morram ou se tornem inúteis para a exploração. Para a parcela da burguesia que nelas buzinou histericamente ou que apoiou as carreatas, os trabalhadores são descartáveis, substituíveis, como peças de uma diabólica máquina de moer pessoas, para gerar excedentes financeiros a quem os explora.
O Brasil não pode parar, assim, constitui-se em eufemismo para a exploração do trabalho humano, prestado sob subordinação, que não poderia ser interrompida. O capitalismo brasileiro está nu. Uma feia, obscena, depravada, nudez. Necrófilos buzinaram, perversos, excitados – e não foram poucos – em defesa de seus privilégios, de seus interesses de classe. São classe exploradora em-si e para-si.
Desnudaram-se, deixaram à mostra, impudicos, suas obesidades, reais e metafóricas, em defesa do direito a explorar o trabalho alheio. Pretendem que os trabalhadores se apinhem nos insalubres transportes coletivos, contaminando-se, para produzir os excedentes que engordarão ainda mais o capitalismo brasileiro. Os flácidos organizadores das carreatas orientaram os participantes a não saírem de seus veículos. Não são bestas.
Temiam a contaminação. Mas não se importam se seus empregados se expuserem. O nome do jogo é capitalismo.
Ficou evidente, com as carreatas, o desejo dos proprietários dos meios de produção e da quase-classe, sem deles ser proprietária (a classe média), de apoiar o sistema de exploração vigente.
Esperemos que a classe trabalhadora, estarrecida com a nua desfaçatez dos exploradores tome consciência do poder que por óbvio tem, durante e, principalmente, depois de controlada a pandemia.
Wilson Ramos Filho (Xixo), doutor em direito, professor na UFPR, integra o Instituto Defesa da Classe Trabalhadora.
Autor: Xixo (Wilson Ramos Filho)
Imagens: Eduardo Matysiak, Ricardo Molinõs e vídeos do G1 .
Locução: Renet Limpias Edição: Renato Próspero