Com 1.115 votos favoráveis, 174 contrários e um voto nulo, foi aceita a proposta da BrasilCenter para os Acordos Coletivos de Trabalho (ACT) de 2016/2018. A votação secreta aconteceu durante a tarde desta segunda-feira, 15/05, ao lado da Portaria do maior call center do ES, em Vila Velha.
A aceitação da proposta pela categoria, além de promover reajuste e abonos, liquida com o processo de Dissídio Coletivo que, apesar de ter sido vitorioso no tribunal capixaba, aguardava decisão de um recurso feito pela empresa no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.
Teleoperadores/as estavam há dois anos sem reajuste salarial. Em 2016, empresa, que pertence ao Grupo Claro, se recusou a reajustar os salários dos Reps (teleatendentes). Oferecia um abono de R$ 330. Já para os demais cargos e salários a empresa dava reajuste de 9,91% mais abono de R$ 280.
Diante dessa discriminação, o Sinttel ajuizou o processo de dissídio coletivo, pois certamente garantiria a reposição do índice de inflação nos salários e nos benefícios, como o tíquete alimentação. No dia 26 de novembro/2016 o dissídio foi julgado e a sentença fazia jus ao pedido dos trabalhadores.
Os desembargadores (juízes) praticamente mantiveram todas as cláusulas do Acordo Coletivo firmado em 2015, concedendo o percentual de reajuste pedido pelo Sinttel: 9,91% para todos os pisos e demais salários. Mas a BrasilCenter não pagou e recorreu ao TST em Brasilia.
Nesta negociação de 2017, cuja data base é abril, a BrasilCenter fez uma proposta “casada”. Impôs à aceitação da proposta de Acordo Coletivo 2017/2018 a inclusão daquela mesma proposta discriminatória que havia feito no ano passado para o Acordo Coletivo 2016/2017, aproveitando-se, evidentemente, da baixa renda salarial da maioria esmagadora dos seus empregados e da lentidão do TST em julgar esses recursos, assim como o próprio dissídio. E, sem poder prever quando sairia uma decisão final, a categoria, já prejudicada, teria que esperar.
Com a liquidação do processo de dissídio, a empresa conseguiu outro feito: reduzir para um salário mínimo o piso salarial dos Reps, que aqui no ES sempre foi maior que em outros estados do Brasil.
O Sinttel sempre lutou para que os trabalhadores da BrasilCenter tivessem reajustes decentes e não queria levar essa proposta para avaliação dos empregados, porque abonos são um engodo. Os salários engordam num mês apenas. Nos outros 11 meses permanecem minguados. E o pior, não incide no salário de férias, ou 13º. Muito menos entra nos cálculos do salário na aposentadoria. Por outro lado, não poderia prever quando o dissídio seria julgado, o que continuaria prejudicando os trabalhadores. O Sinttel não pode fechar os olhos para a situação econômica dos trabalhadores. Veja fotos no final da matéria.