#4Julho. Dia do Teleoperador(a)!
02/07/2021 – 15h27 – Federação Livre – Redação
Considerada categoria essencial na pandemia de coronavirus “por manterem o país conectado” todos tiveram que trabalhar e ajudar os outros milhões de brasileiros a ficar em casa no isolamento social. Contudo, como muitos outros trabalhadores essenciais, foram desconsiderados no Plano Nacional de Vacinação pelo governo genocida de Jair Bolsonaro, que, irresponsavelmente, optou pelo vírus ao invés da vacina, vitimando 520 mil vidas, até esta data. Dentre estes, muitos teleoperadores/as e suas famílias, amigos, colegas, vizinhos.
Eles, elas, em sua maioria exercendo atividades no primeiro emprego, têm entre 18 e 37 anos. Não vimos seus rostos, nunca sabemos qual a raça, sua cor, opção sexual e nem onde estão do outro lado da ligação.
Estão presentes em nosso dia a dia, principalmente quando precisamos da polícia (190) do Samu (192), dos bombeiros (193), quando falta água, energia, quando o telefone, a internet, o carro pifam. Nos ajudam a marcar consultas. Ouvem nossas queixas, estejamos calmos ou irados. Em qualquer emergência é sua voz que ouvimos.
Muitos de nós nem acham que os teleoperadores são humanos, principalmente algumas empresas e seus gestores. O salário pago a esses trabalhadores tão importantes na nossa vida “são salários de merda”, como explica o escritor anarquista David Graeber. Em seu novo livro, Bullshit Jobs: A Theory [Trabalhos de Merda: Uma Teoria].
“É curioso. Há poucas exceções como os médicos. É evidente que são pagos com justiça e oferecem benefícios sociais. Mas os garis, operadores de telemarketing, motoristas do transporte público, por exemplo, que são empregos socialmente valiosos, sempre são mal pagos. “Empregos de merda” são os que recebem bons salários mas nada produzem e que se desaparecessem da ossa sociedade capitalista não fariam falta”, explica David.
A Federação Livre e seus SINTTELs (Sindicatos de Trabalhadores em Telecom) filiados no Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rondônia têm buscado melhores condições de trabalho e renda para o setor de Teleatendimento que emprega cerca de 700 mil de trabalhadores no Brasil.
A pandemia e o trabalho em home office exigiram que os acordos de Teletrabalho garantissem ajuda de custo, direito à desconexão, equipamentos, segurança digital, mobiliário ergonômico e condições de trabalho para os passaram a trabalhar de casa. Mas enfrentam muitos desafios.
Nas grandes empresas de call centers como a Teleperformance, Atento, LIQ os acordos foram feitos ainda no final do ano passado. Na BrasilCenter (Grupo Claro) somente em junho desse ano a empresa propôs um acordo de Teletrabalho com ajuda de custo, cessão de equipamentos e mobiliário.
A TIM foi a primeira e única operadora, até agora, a instituir o Teletrabalho. O acordo foi firmado junto da negociação salarial, em setembro do ano passado. A Italiana estabeleceu como política definitiva do seu teleatendimento e, por isso, foi também a primeira a convencionar um acordo com ajuda de custo e regramento para o trabalho em home office.
Em todos os estados, os sindicatos têm conseguido estabelecer acordos de teletrabalho com pequenas empresas de call centers. Porém as grandes operadoras como a Vivo e Oi ainda não se dispuseram a compensar e oferecer boas condições de trabalho. A Claro já fez uma proposta, que ainda não foi levada à apreciação da categoria.
Relate como as despesas da sua casa aumentaram depois que você foi para home office. Se puder compare valores de energia de fev/ 2020 com fev/2021, internet, gás de cozinha, água, material de limpeza, alimentação e até despesas com médicos, remédios. Relate como você está se virando para se manter.
Foi discriminado/a, humilhado/a, sofreu bullying no trabalho? Relate a situação