O Sinttel-ES denúncia o grande número de demissões na Telemont Engenharia de Telecomunicação, prestadora de serviços para a planta externa da Operadora Oi, após a greve realizada em novembro passado. De dezembro/2016 a meados de Fev/2017, foram homologadas no Sindicato 34 demissões sem justa causa. Esse número pode ser maior, uma vez que os trabalhadores com menos de um ano de trabalho podem fazer as rescisões na própria empresa, onde o Sindicato não tem acesso aos dados.
Apesar do sofrimento causado pelo desemprego de tantos pais de família, o fato não causa surpresa à direção do Sindicato e muito menos aos próprios empregados. A relação da chefia com os técnicos é muito ruim, principalmente, por causa do excesso de punições, muitas vezes injustas e desnecessárias, como por exemplo, as advertências devido à falta de registro de ponto, mesmo quando o trabalhador tem que terminar um reparo em uma localidade rural e não tem como chegar na base da empresa.
Não podemos esquecer que a maior preocupação do jovem técnico, Odlanier Soares Perusse, 19 anos, um dia antes de sua morte por acidente de trabalho, foi falar para o seu pai – que também é técnico na Telemont – que iria receber advertência por não ter batido o ponto, uma vez que estivera até às 19 horas fazendo um reparo na localidade de Jucu, em Viana.
Depois da greve de seis dias realizada em novembro passado, que pedia à Telemont o cumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho 2015/2016 e de 2017, e adotasse os pisos salariais por função, essa convivência ficou ainda mais complicada, diante das perseguições dos supervisores e coordenadores. “Há uma lista de “personas não gratas” e que serão descartadas com o tempo”, revela um técnico que não quis se identificar, mesmo porque ele tem certeza que seu nome está nesta lista.
O clima ainda é muito tenso, depois que a empresa convocou parte dos trabalhadores administrativos, contra o desejo dos técnicos, para uma manifestação em frente ao Sinttel, exigindo que o Sindicato retirasse um processo – Ação de Cumprimento – que estava na Justiça do Trabalho esperando o julgamento para que a empresa adotasse a CCT 2015/2016 estabelecendo pisos salariais mais elevados para os técnicos.
Essa truculência da empresa, contra os empregados e o Sinttel-ES, diante dos olhos fechados da Operadora Oi, tem a intolerância como energia, sentimento de ódio e vingança, muito comum no Brasil do Golpe Político.
Para o diretor do Sinttel-ES, Alessandro Mamedi, essa situação não tem perspectivas de melhora, já que a empresa perdeu a Ação de Cumprimento na Justiça e, mesmo que recorra aos tribunais superiores, terá que pagar o que deve aos empregados. O pedido de cumprimento imediato – feito pela advogada do Sinttel, Renata Shimidt voltou para a Vara de Origem, onde existe uma liminar determinando o cumprimento dos termos da CCT 2015/2016.
Para a Telemont não deve estar sendo fácil ter que aceitar pagar pisos salariais um pouco maiores para os técnicos que ela vem explorando desde 2010, quando substituiu outra prestadora, a Gecel na planta externa da Oi. Sem contar que ela terá de enfrentar os demais sindicatos em outros estados, que vão querer essa conquista dos capixabas: os pisos salariais por função, na próxima negociação coletiva que começa até abril.