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Ranking de atestados!

Sollo: abuso, assédio moral, constrangimento e demissão após Covid-19

17/08/2021 - 19h48 - Sinttel-ES - Tania Trento
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A Sollo Brasil abusou da criatividade ao implantar a mais nova forma de pressão, humilhação e constrangimento aos empregados do seu call center na era Covid-19.

Uma planilha com um ranking dos trabalhadores e trabalhadoras que apresentaram atestados médicos, desde dezembro do ano passado, vem sendo disponibilizada na rede interna expondo os nomes, destacados na cor vermelha, para toda a empresa causando medo e revolta.

O ranking vem sendo usado pelos supervisores e supervisoras como uma ameaça de corte da única folga seguida do sábado e domingo (folga-folga) no mês e, até de demissão, dependendo do número de dias de afastamento nesse período.

Foi o que aconteceu a dois trabalhadores, demitidos após terem sido diagnosticados com a Covid-19. Um deles é Mateus Henrique do Couto, 23 anos, contratado há oito meses como atendente de relacionamento junior.

“Ranquearam quem dá menos e quem dá mais atestados e disponibilizaram na rede para todo mundo ver. Apesar de ser um absurdo, é muito significativo terem feito isso agora porque um colega, um dos últimos nomes da tabela, foi demitido após apresentar atestado de afastamento de 12 dias por Covid-19. Ao divulgar o ranking, a supervisora, jogou a operação toda contra os atendentes marcados em vermelho, porque passaram a sofrer com um fantasma que é a ameaça de acabar com as folgas seguidas e ainda deram nome aos ‘bois’.  Expõem os dias de afastamento de forma quantitativa, mas não mostram que cada atestado apresentado é uma particularidade do empregado”, disse Mateus, indignado.

Ele conta que o trabalho na Sollo não era bom, nem quando estava em home office, pois não conseguia se desconectar para ir ao banheiro e fazer as pausas necessárias. Em pleno lockdown decretado pelo Governo do Estado, o teleoperador teve que voltar para o trabalho presencial na empresa, por exigência do contrato de um cliente da Sollo, que alegou insegurança do sistema no teletrabalho.

“Enfrentamos toda  a insegurança dos ônibus lotados que a empresa fretou para transportar os funcionários”, descumprindo totalmente o isolamento, relatou Mateus.

Matheus disse que vinha sofrendo com o stress e a pressão por metas e resultados, assim que houve troca da supervisora.

“Ela reclamou do meu comportamento alegre e descontraído e me isolou dos colegas, passando a ouvir todos os atendimentos que fazia. Era vigiado quando ia ao banheiro, nas pausas. Isso piorou meu estado emocional. Tomo remédios para a depressão e tive que dobrar as doses dos antidepressivos Tranzodona, Ritalina e Venlafaxina”, confessou o atendente.

Aglomeração e Coronavírus 

A tabela é transparente quando mostra que a aglomeração do call center na Sollo fez a Covid circular entre os colegas da equipe do Mateus.

Observando a planilha, nota-se que nestes sete meses de 2021, onze dos 22 colegas de Mateus apresentaram atestados médicos com afastamentos superiores a dez dias.

Outro atendente, de 27 anos, que nos pediu anonimato, testou positivo para Covid duas vezes, em menos de três meses. Foi demitido assim que voltou do afastamento. Ele somou 28 dias de afastamento no total,  sendo 10 em Maio e 12 dias em Agosto por estar infectado com o coronavírus. Além da demissão, teve um desconto no contracheque de R$ 366,00 por não entregar o atestado médico em 48 horas. Ele se sente injustiçado pela Sollo.

“Em 2016 trabalhei na BrasilCenter e o clima lá, dentro do call center, é  menos estressante que na Sollo”, comparou.

Ouvidoria é meio de pressão e ameaça

A Sollo se orgulhava de ter instalado uma ouvidoria interna para atender a todas as reclamações dos trabalhadores. Segundo a empresa, em meio a 2.300 trabalhadores e gestores, há conflitos e estes seriam tratados pela Ouvidoria.

Ledo engano. Hoje, segundo Mateus, o canal serve para identificar e marcar os insatisfeitos. Ele conta que com a perseguição da supervisora, relatou o fato à Ouvidoria e foi chamado pelo coordenador, que além de alertá-lo que não deveria ter feito a reclamação, convocou todos os seus colegas para uma “conversa” em sua sala.

Que ser teleoperador é barra pesada, seja dentro dos call centers ou mesmo em home office, não é nenhuma novidade. A cobrança, a pressão e a vigilância de coordenadores, supervisores, o medo da demissão, tem deixado trabalhadores doentes. A cada dia, nessa pandemia de coronavírus, o ambiente fica mais hostil devido à postura perseguidora desenvolvida pelos superiores hierárquicos.

Na semana passada o Canal de Atendimento do Whats App do SINTTEL-ES (+552798889-6368) recebeu várias denúncias de teleoperadores na Sollo Brasil. As reclamações vão da recusa em receber declaração de comparecimento à consultas de filhos e a exames de gestantes; suspensões por faltas que as Normas Internas (NI) não explicam e demissões após afastamento por Covid-19 comprovado por atestados médicos. Trabalhadores reclamam na demora em resolver os problemas, como descontos indevidos nos contracheques.

O SINTTEL-ES apresenta todas as reclamações ao RH da empresa, avaliando caso a caso, mantendo sigilo absoluto da fonte.

 

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