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Perda Salarial na Vivo é de 12,57%

19/10/2016 - 15h43 - Sinttel-ES - Tânia Trento | Jornalista | Reg. Prof. 0400/ES
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Um boletim da Subseção do Dieese – Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Telecomunicações) informa que as perdas salariais dos empregados da maior operadora de telefonia do País, a Telefônica/Vivo, é de 12,57%.  Isso é mais que o dobro do que a empresa ofereceu na 3ª reunião de negociação do acordo coletivo 2016/2017.

A Telefônica/Vivo apresentou proposta medíocre de reajustar parte dos salários e benefícios somente em 2017 e alterar a jornada para os trabalhadores de Campo, de 40 para 44 horas semanais.

A negociação dos reajustes salariais na data base passada resultou em perdas para os trabalhadores (reajuste de 7% ante um INPC de 9,88%. Diante disso, a subseção do Dieese calculou o reajuste necessário a ser aplicado a partir de setembro/2016 para recompor o poder de compra dos salários.

O Dieese considerou APENAS o período de set/15 a ago/16, e o reajuste necessário é de 9,62%. Já considerando a data base passada, há ainda uma necessidade de reajustar os salários em 2,69%, além dos 9,62% da atual data base. Ou seja, os trabalhadores precisam de um reajuste de 12,57% para recompor a perda acumulada, desde a data base anterior.

A proposta da Telefônica, de reajustar os pisos em 6,5%, os salários entre o piso e R$ 1.156,20 em 6% e salários acima de R$ 1.156,20 com uma parcela fixa de R$75,15 incorporada ao salário, não condiz com sua capacidade financeira e econômica.

O Dieese apresentou dados que evidenciam a possibilidade da maior empresa de telecomunicação do Brasil, em reajustar os salários e benefícios de seus trabalhadores, garantindo justiça social e “gerando maior engajamento e desenvolvimento” para seus trabalhadores.

As Receitas Líquidas

tab1A Telefônica tem apresentado crescimento nominal em suas receitas líquidas, nos últimos 3 anos, acima das suas concorrentes, TIM, Claro e Oi. O crescimento de quase 16% em 2014 deve-se a adequação da apresentação da Receita Líquida ter considerado a incorporação da GVT, para fins de comparabilidade com 2015 (informação útil aos acionistas da empresa).

Sem essa incorporação, a receita de 2014 seria de R$ 35,0 bilhões, praticamente estável em relação a 2013. E vejamos que a receita em 2015 teria expansão de 20,4%, ao ser comparada com o resultado de 2014, sem considerar a compra da GVT.

Os Custos Operacionais

tab2Os custos operacionais tem crescimento variado nos últimos 3 anos. Considerando a incorporação da GVT em 2014, os custos cresceram 13,8% em 2013, 15,6% em 2014 e 5,4% em 2015. O crescimento dos custos em 2014 deve-se ao fato de serem incorporadas as informações da GVT, como se a compra houvesse ocorrido neste ano. Isto implica um custo adicional de R$ 3,3 bilhões em 2014. Por sua vez, percebemos uma redução da velocidade de crescimento dos custos em 2015, mesmo com a incorporação da GVT.

tab3Resultados diferentes são observados ao comparar os custos operacionais sem a incorporação da GVT em 2014. Os custos crescem somente 1,9% em 2014. Lembrando que a variação de 19,6% em 2015 deve-se aos custos adicionais da GVT e não devem ser comparados com 2014, neste caso.

A variação patrimonial e os Lucros da Telefônica

tab5O Patrimônio Líquido (PL), capital próprio da Telefônica, cresceu significativamente em 2015 (52,5%) e ficou em R$ 68,5 bilhões, em função principalmente da aquisição da GVT.

Os lucros seguem elevados ao longo dos anos e também no 1º semestre de 2016. Em 2015 o lucro líquido (LL) ficou em R$ 3,33 bilhões e reduziu-se em comparação com 2014, mas isto não significa crise, pelo contrário. A telefônica comprou a GVT e a necessidade de obter financiamento no mercado externo faz com que as despesas com juros e variações cambiais aumentem, impactando o resultado do LL.

A ausência de crise é comprovada ao analisarmos o LL do 1º semestre/2016, em R$ 1,91 bilhão, registrando um crescimento de 42,3%!

O Fluxo de Caixa

tab6O fluxo de caixa de uma empresa tem como objetivo demonstrar as variações do caixa e registra as entradas e saídas financeiras. Logo, ao tratarmos de uma negociação com base em resultados do ano de 2015, precisamos analisar o caixa deste ano. Assim, em 2015, o caixa fechou em R$ 5,33 bilhões, nível bastante satisfatório. Além disso, a despesa com reajuste de folha de pagamento e benefícios já deveria estar prevista neste fluxo, pois é um custo fixo da empresa. O resultado do 1º semestre/2016 também é positivo, com um saldo de caixa de R$ 5,67 bilhões.

Isto significa que a Telefônica tem ampla capacidade em gerar caixa para garantir a continuação de seus negócios, dado seu poder de mercado no setor de telecomunicação brasileiro.

O impacto do reajuste de salários e benefícios

tab7A despesa com pessoal (segundo o demonstrativo do valor adicionado) ficou em R$ 3,56 bilhões em 2015 e representa 11,43% do Valor adicionado (riqueza produzida pelos trabalhadores). A estimativa do impacto do reajuste de 9,62% em salários e benefícios será de R$ 342,63 milhões/ano, ou 1,10% do valor adicionado. Vale ressaltar que este impacto será um pouco maior em 2017, pois a despesa com pessoal aumentou após o ingresso dos trabalhadores da GVT.

A proposta da empresa em reajustar parte dos salários e benefícios somente em 2017 não possui muita lógica, conforme procuramos indicar neste estudo. Apesar disso, parece que a Telefônica encontrou tab8uma “lógica” para o reajuste em 2017. Segundo o Banco Central, a previsão do INPC em 2016 (jan-dez) é de 7,64%, refletindo as análises de variados economistas, de que a inflação tende a cair no segundo semestre. Porém, o movimento sindical da FENATTEL deve estar atento a esta manobra, pois a negociação refere-se a perdas salariais que, obviamente, já ocorreram. A Tabela abaixo traz a evolução do INPC e sua estimativa até dezembro/2016.

O INPC estimado para o período de set/2015 a dez/2016 é de 11,22%. Considerando um reajuste de 6,5% em jan/2017, ainda restará uma necessidade de 4,43% de reajuste para recompor a inflação do período. No caso de um reajuste de 6%, ainda restaria um reajuste necessário de 4,92% a ser aplicado em jan/2017.

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