O relatório sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer por organização criminosa e obstrução de justiça está na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara, iniciando um processo que o governo pretende tratar como uma reedição da primeira denúncia.
Os oposicionistas reclamaram muito dos recursos que já começam a ser negociados para posterior liberação em troca da votação dos deputados favorável ao governo. Dados divulgados por deputados do PT, PCdoB e até do PMDB são de que foram empenhados nos últimos 30 dias R$ 1 bilhão em emendas parlamentares, para liberação após a votação da matéria no plenário da Câmara.
“É a velha prática em ação. Não tem jeito, o governo está lançando mão de todos os subterfúgios que dispõe para tentar salvar a pele desse presidente que além de ilegítimo, possui a maior taxa de impopularidade da história”, disse Chico Alencar (Psol-RJ).
A primeira parte da sessão de hoje foi dedicada à discussão e aprovação de requerimentos e questões de ordem sobre temas que os oposicionistas não abrem mão, como desmembramento da denúncia, apresentação de relatório e voto em separado e questionamentos sobre trocas de cadeiras no colegiado.
Os dois primeiros requerimentos foram de autoria, respectivamente, dos deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Alessandro Molon (Rede-RJ), que solicitam a votação separada da autorização para o prosseguimento do processo em relação a cada um dos acusados (além de Temer, a denúncia também cita os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-geral da Presidência).
Um terceiro requerimento foi apresentado pelo deputado Sérgio Zveiter (Podemos-RJ) – relator da primeira denúncia contra Temer – que, na época, deu parecer para que o presidente fosse processado. Seu relatório, no entanto, foi derrubado por integrantes da base aliada do governo.
Desta vez, Zveiter questionou a cessão da vaga de suplente do PSC para Bonifácio continuar na comissão após ele ter sido destituído da CCJ pelo PSDB. Zveiter, ao abordar o caso, também disse que admite que os parlamentares não acolham a denúncia pelo crime de organização criminosa, mas afirmou considerar um absurdo Temer ser blindado do crime de obstrução de justiça.
Por Hylda Cavalcanti
Da Rede Brasil Atual