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Os verdadeiros motivos que levaram Joesley Batista para a cadeia

11/09/2017 - 13h08 - Sinttel-ES - Tania Trento
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O empresário Joesley Batista se achava tão poderoso a ponto de dizer que nunca iria para a cadeia. A certeza de que não seria punido foi compartilhada com seu comparsa Ricardo Saud: “Nós não ‘vai’ ser preso. Vamos fazer tudo, mas nós não vai ser preso”.

Tudo bem, o dono da JBS errou no cálculo. Mas não percamos de vista os verdadeiros motivos que levaram Joesley e Saud para o xilindró.

Ambos os executivos da JBS foram acusados pelo MPF, isto é, Rodrigo Janot, de forjar provas, combinar depoimento, de omitir informações em delação, etc.

O diabo é que o ex-procurador Marcello Miller, que atuava como braço direito de Janot, se safou da cadeia, embora o moço tenha motivado as duas prisões preventivas.

Pesa sobre Miller a acusação de que fez “jogo duplo” em favor da J&F, enquanto ainda estava no MPF, militando como advogado de Joesley.

Note o caríssimo leitor que Joesley e Saud caíram porque delataram políticos do PSDB e Michel Temer. Não saíram incólumes por que entregaram um Aécio Neves (PSDB-MG) ou um Beto Richa (PSDB-PR), por exemplo, não outros “coitadinhos” quaisquer.

Os áudios gravados em circunstâncias inverossímeis foram apenas pretextos para “limpar” tucanos e o próprio Temer da sujeira delatada. As propinas, os casos de corrupção nas estatais, etc., ficaram em último plano diante das espetaculares prisões dos poderosos executivos da JBS.

As prisões deste domingo (10) — de Joesley e Saud — são mais uma evidência de que as incriminações só valem para um lado da política. Traduzindo: a justiça só tem efeito contra Lula e o PT.

Não estranhe, nobre leitor, que a dupla da JBS seja liberada da cadeia tão logo diga a senha que juízes e procuradores querem tanto ouvir: “LULA”.

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ESMAEL MORAIS – jornalista e blogueiro paranaense, Esmael Morais é responsável pelo Blog do Esmael, um dos sites políticos mais acessados do seu Estado.

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Joesley e Saud se apresentam à Polícia Federal

Pedido de prisão apresentado por Rodrigo Janot foi aceito pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal
                                                                                                                                                                                     Rovena Rosa/Agência Brasil
Joesley

                                        O empresário Joesley Batista, dono da JBS, após prestar depoimento à PF, em agosto

Ambos chegaram por volta das 14h à sede da Superintendência Regional da PF, onde estão presos, e a expectativa é que sigam para Brasília apenas na segunda-feira 11. As prisões são temporárias (cinco dias), mas podem ser prorrogadas ou convertidas em prisões preventivas.

Os pedidos de prisão foram apresentados por Janot na noite de sexta-feira 8. Em pronunciamento no início da semana, Janot revelou a existência de um áudio que indicaria ilícitos na delação da JBS. Na gravação, Joesley e Saud apontam uma possível participação do ex-procurador da República Marcelo Miller no acordo de delação quando este ainda era procurador, o que pode configurar improbidade administrativa.

Miller deixou o cargo oficialmente em 5 de abril; o áudio foi gravado em 17 de março. Janot também pediu a prisão do ex-procurador, o que foi rejeitado pelo ministro do Supremo.

Em sua decisão, Fachin afirma que há “indícios suficientes” de que os delatores omitiram informações da Justiça e diz, ainda, que mantê-los em liberdade seria um “estímulo” para tais práticas.

“Tal atitude permite concluir que, em liberdade, os colaboradores encontrarão os mesmos estímulos voltados a ocultar parte dos elementos probatórios, os quais se comprometeram a entregar às autoridades em troca de sanções premiais, mas cuja entrega ocorreu, ao que tudo indica, de forma parcial e seletiva”, diz a decisão.

Fachin determinou, ainda, a suspensão do acordo de delação.

“Cabível, portanto, nos termos pleiteados pelo MPF, a parcial suspensão cautelar da eficácia dos benefícios acordados entre o Procurador-Geral da República e os colaboradores para o fim de se deferir medidas cautelares com a finalidade de se angariar eventuais elementos de prova que possibilitem confirmar os indícios sobre os possíveis crimes ora atribuídos a Marcello Miller”, afirmou o ministro.

Denúncia contra Temer

Após a divulgação do conteúdo das gravações, Janot e o acordo de delação da JBS passaram a sofrer críticas não apenas de aliados do governo, mas juristas e colegas de carreira que entendem que as provas estarão comprometidas caso seja confirmada a fraude na delação.

Por esse motivo, Janot deve sofrer questionamentos sobre a segunda denúncia a ser apresentada contra Michel Temer, parte dela embasada nas provas trazidas pelos delatores da JBS.

O PGR defende que as provas colhidas nas delações da JBS ainda seguem válidas, mas há interpretações jurídicas contrárias, como a teoria da “árvore envenenada”, segundo a qual toda prova produzida em consequência de uma descoberta obtida por meios ilícitos estará contaminada. A tese já levou ao encerramento de outras investigações, como a Operação Satiagraha.

A defesa de Temer pediu a suspensão de eventuais denúncias contra o peemedebista até o esclarecimento das suspeitas envolvendo a delação da JBS. O plenário do STF deve julgar a questão na quarta-feira 13, pois Fachin decidiu submeter o caso a todos os ministros da Corte.

Revista Carta Capital 10/09/2017

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