Avaliação de um dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT) sobre os fatos que aconteceram no movimento “Ocupa Brasília”, a violência da polícia e o uso do movimento unitário e sindical por jovens radicais, policiais infiltrados para a baderna, quebra-quebra e a criminalização dos trabalhadores e manifestantes.
“Pessoal, partilhando algumas reflexões sobre hoje (24/05/2017). Estive desde cedo na concentração e fiquei até o final. Antes, de tudo, precisamos disputar a versão da GRANDE VITÓRIA que foi realizar um ato desta dimensão, UNITÁRIO, apesar dos problemas de sempre, mas muito vigoroso. 100 mil pessoas. Nunca vi nada igual em Brasília. Até a chegada à frente do Congresso, apesar do absurdo da tentativa de revista pela Polícia Militar do DF, um pouco de tensão, mas tudo festa e muita garra. Mal chegávamos à frente do Congresso Nacional, começa a confusão. O grande contingente de manifestantes ainda não havia chegado, estava pra cima da rodoviária, quando começam os primeiros enfrentamentos, apesar de os dirigentes nos carros de som insistirem, o tempo todo, pra que ninguém chegasse às grades e não entrassem na provocação; e denunciassem a ação de provocadores. Não tivemos UM MINUTO DE PAZ, de poder celebrar aquele momento vitorioso. Bomba e gás o tempo todo, o nosso povo indo e vindo, resistindo heroicamente (senti na pele e nos olhos a desgraça desta merda de gás). O pessoal da direção aguentando não sei como. Enquanto isso, a molecada “Black Blocs”praticando seu esporte preferido da provocação inútil, e a polícia praticando seu esporte preferido que é mandar bomba, dispersar nossa gente . Seria enorme ingenuidade nossa não ver que disfarçados de jovens radicai,s os infiltrados provocadores procuravam destruir nosso ato e sua repercussão. Era suspeita a ausência de qualquer proteção policial aos Ministérios. Os moleques passavam apedrejado e com pedaços de pau quebrando vidros, queimando as coisas sem que ninguém os incomodasse. Enquanto isso, nossa gente recuava e voltava, olhos ardendo, resistente. Bastava começar a recompor-se a plateia diante dos caminhões, novas bombas, novo gás e a “molecada”atirando rojão, paus e pedras contra a polícia, que generosamente devolvia com bombas sobre…nossa gente. É claro que os serviços de informação sabiam disso e ajudaram a criar este clima. E aí vem o tal decreto absurdo e ridículo da Lei e Da Ordem pra reforçar esta visão da baderna que Eles fizeram e dar ao Temer uma chance de mostrar ao establishment que governa e pode continuar a cumprir o receituário prescrito desde o golpe contra a presidenta Dilma e a Democracia do Brasil. Decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) contra 100, 200 Black blocs e provocadores deles é tão ridículo, expõe as Forças Armadas a andar por Brasília que a estas horas voltou à sua vida pacata, que deveria despertar nos Comandos um senso de ridículo e eles mandarem o Temer deixar de menosprezar o papel das Forças Armadas…. Não podemos deixar de reagir duramente a essa loucura deste pseudo governo que agoniza à espera de uma saída costurada por cima, que nós haveremos de inviabilizar pela continuidade de atos como o de hoje, em nova greve geral e massivos atos pelas diretas. Para concluir esta longa conversa, e se pudesse orientar os próximos passos da luta, nós vamos ter que achar uma saída para esta difícil relação com os grupos “radicais” que utilizam nossos atos para seus “exercícios”. E são um prato feito pra todo tipo de infiltração e provocação. Uma coisa é frente com diferentes, é discutir e aplicar táticas mais ou menos radicalizadas, múltiplas, outra é servir de suporte pra esses infiltrados aplicarem suas “táticas”. E a gente ficar de trouxas, só levando bomba e vendo se dispersar um ato que custou tanto empenho de unidade é que se não fossem estes irresponsáveis, teria a chance de realizar um plano, este sim, consequente de expressão de radicalidade, que teve que ser abortado por conta destas provocações”.