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O poder do capital e os trabalhadores sem “formação política”

11/09/2015 - 19h11 - Sinttel-ES - Tania Trento
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Ficou popularmente conhecido como VOTO DE CABRESTO  o sistema tradicional de controle de poder político por meio do abuso de autoridade, compra de votos ou utilização da máquina pública para favorecimento pessoal ou de simpatizantes políticos.

Nas regiões mais pobres do Brasil a prática foi (e, de certo modo ainda é) bastante recorrente, uma das principais características do que se costuma definir como corononelismo. Desde os tempos do Império, onde se realizaram as primeiras eleições do Brasil como país independente, a prática da fraude eleitoral é uma praga de difícil combate. No período áureo do coronelismo, no início do século XX, o eleitor só precisava levar um pedaço de papel com o nome do seu candidato e depositar na urna. Tratava-se de um papel qualquer, trazido de casa mesmo. Para os coronéis, bastava entregar a cada um de seus empregados um papel já preenchido, e como a grande maioria destes “eleitores” era analfabeta, estes apenas assinavam seus nomes (lembrando que analfabetos não podiam votar). Isso não era de modo algum problema para os coronéis, já que eles mesmos escreviam nos papéis o que bem desejassem. Como os criados não sabiam ler, muitas vezes eles votavam sem sequer saber o que estava escrito no papel que depositavam na urna. Aliás, era prática do coronel fornecer o transporte a estes pretensos eleitores, que recebiam as “instruções” ao irem votar.

(Bibliografia: DANNEMANN, Fernando Kitzinger. Voto de cabresto. Disponível em <http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=2033765>. Acesso em: 01 out. 2011)

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Assembleia de avaliação da proposta da BrasilCenter

Assembleia e votação secreta na BrasilCenter

O texto acima é história e deveria só lembrar o que acontecia por esse Brasil afora dos coronéis. Porém, é muito atual quando se trata das assembleias de avaliação das propostas da BrasilCenter para o fechamento dos acordos coletivos nos últimos anos. Apesar de a votação ser secreta, com cabines separadas, os/as trabalhadores são coagidos de tal forma, que os resultados são esmagadores e a empresa dando de lavada no trabalho de resistência do Sindicato dos Trabalhadores — o Sinttel-ES. E aí nem se leva em conta o teor miserável da proposta patronal, que seria a razão principal para o NÃO.

Hoje, a maioria esmagadora dos/as empregados/as na BrasilCenter, os chamados REPs, aceitaram receber um reajuste INFERIOR que os demais “colegas” da empresa. O percentual de 6,75%, além de ser discriminatório, pois os outros receberão 8,42%, ainda é menor que a inflação do período. Ou seja, para os supervisores, gerentes e outros poucos os salários vão recuperar, pelo menos, o poder de compra corroído pela inflação. Entretanto, mais de 1,3 mil empregados vão amargar uma perda de 2,47% até a próxima data base em março de 2016. Incompreensível? Nem tanto. Inaceitável? Um tantão.

Por que a empresa quase sempre ganha nas votações secretas?

O trabalho de convencimento dentro da empresa é algo de dar inveja. Os supervisores e gerentes devem receber alto pela meta a ser batida na disputa entre o ruim e o pior. A dimensão é que, ao final da votação, o resultado vai medir quanto cada um receberá de PCEREPs (programa “como enganar os REPs”) para o número de SIMs assinalados nas cédulas. É algo esperado por eles. Parece festa.

Solícitos, eles ficam em polvorosa, todos a postos na portaria do call center para acompanhar os “pupilos” até na boca da urna. É repugnante vê-los em ação diante da situação de uma categoria que recebe R$ 800 e que, sequer, aprendeu o que é força de trabalho ou LER, o que em seis meses saberão, pois estará presente em suas mãos, braços, ombros, colunas.

Os/as trabalhadores/as, em sua maioria teleatendentes, jovens no primeiro emprego, não tem consciência política para barrar a estratégia da empresa. São presas fáceis para a exploração absoluta do capital — o  Grupo América Movil, cujo dono é um dos homens mais ricos do mundo, o mexicano Carlos Slin.

O Sindicato faz boletins explicativos, informativos, falação na portaria e proíbe que a chefia fique rodeando durante o processo de votação. Mas, nada disso dá resultado diante do assédio moral e antissindical dos “cães de guarda” e da filosofia de Recursos Humanos em que a exploração é o objetivo único, numa rotavidade de mais de 50% em que se houver filiação ao Sindicato é demissão na certa. Aliás, exite uma máxima na BC: quer ser demitido, filie-se ao Sinttel-ES. É lógico que o Sinttel não tem nenhum filiado na BC. O MPT-ES? Faz vistas grossas para as denúncias.

O resultado da assembleia de aprovação do acordo coletivo 2015/2016 na BrasilCenter, pode ser descrito assim: “Carlos Slin, cuja fortuna, estimada pela Forbes em 2015, é de US$ 79,2 bilhões e dono da Embratel, Net, Claro e BrasilCenter, recebeu o aval de 1.096 empregados para engordar a sua já poupuda conta, por aqueles que disseram SIM à uma proposta medíocre de reajuste salarial. Somente 237 disseram NÃO.”

Eis as imagens.

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