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No (des)concerto das nações, a originalidade do Brasil

13/07/2017 - 14h10 - Sinttel-ES - Tania Trento
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Único país em que direitos do povo são assaltados por um presidente acusado de corrupção

Nos Estados Unidos, Trump quer destruir saúde pública. Já no Brasil, Temer acaba com direitos trabalhistas”!
É notório que a desconcertação de direitos do povo trabalhador e arredores campeia pelo mundo.

Nos Estados Unidos, Donald Trump quer destruir o paradigma legal montado por Barack Obama em torno do sistema de saúde (isto vai merecer artigo em próxima edição), além de prejudicar os pobres e favorecer os ricos de várias outras maneiras. Não sei como houve gente que se diz de esquerda no Brasil que saudou sua vitória contra Hillary Clinton – não que ela fosse alguém a defender, à direita que estava de Obama, que já estava muito mais à direita do que prometera ser.

Na Europa, só há dois governos à esquerda, no momento. Portugal, com a “geringonça” (assim é chamada a coalizão do atual governo português, reunindo socialistas, comunistas, nova esquerda e verdes) e, é claro, o Vaticano, com o Papa Francisco I à frente. O restante, do extrema-direita Viktor Orban na Hungria, passando pela Polônia, até o neo-não-sabe-bem-o-quê Emanuel Macron na França, tende à direita. Neste quadro, Angela Merkel, a conservadora chanceler da Alemanha, emerge como uma política séria, de quem se conhece o que quer etc. Mas de direita, também.

Enfim, o assalto aos direitos dos trabalhadores campeia mundialmente. Na Argentina, na África, na Ásia…

É, mas o Brasil, que enveredou por este campo desde o golpe tramado a partir de 2013 e desfechado em 2016, tem uma grande originalidade.

É o único país em que este assalto aos direitos do povo é capitaneado por um presidente acusado de toda e qualquer sorte de corrupção, e liderado – e liberado – por um Congresso igualmente com enorme número de membros acusados de tudo o que se pode imaginar em termos de malfeitos legais (e alguns ilegais). E também assistido por um Supremo Tribunal Federal completamente pusilânime diante das agressões à Constituição que deveria defender.

Assistimos a vergonhosas sessões do Congresso em que foram espezinhados não só direitos elementares, como a famosa sessão da Câmara de Deputados de abril do ano passado, como também foram espezinhadas regras mínimas do decoro parlamentar.

Assistimos traições vergonhosas a seus eleitores, como as de Marta Suplicy e Cristovam Buarque votando a favor da espúria “reforma” da legislação trabalhista. Sem falar na traição do próprio Temer, que continua a alardear que “nunca alguém fez tão bem ao Brasil nos últimos 20 anos”, ou algo assim, enquanto vagava, como uma alma penada sem rumo, entre seus “colegas” mandatários no G-20, em Hamburgo.

Graças a isto, o Brasil inteiro tornou-se um fantasma desconsiderado na diplomacia internacional, a não ser pelo estilo pitbull do seu chanceler (Aloyzio Nunes), que quer morder o pescoço do governo venezuelano, não se sabe muito bem o porquê, pois paixão pela democracia é que não é.

Veio-me à lembrança o começo da letra de canção de Eduardo das Neves – grande palhaço cantor do fim do 19 e começo do século 20: “A Europa curvou-se ante o Brasil”…

É, mas o herói desta frase da canção era Santos Dummont, que em 19 de outubro de 1901 contornara, em balão dirigível, a Torre Eiffel, em voo que durara, conforme a exigência da Sociedade Científica Francesa, menos de 30 minutos.

Já os personagens de hoje são outros. E sobretudo, jamais ficarão no imaginário pátrio, como heróis. Merecerão a comenda “Joaquim Silvério dos Reis”.

 

por Flávio Aguiar publicado 12/07/2017 11h46, última modificação 12/07/2017 13h16
BETO BARATA/PR
michel temer e donald trump

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