Arrocho salarial
A negociação do acordo coletivo de trabalho na BrasilCenter Comunicações (BCC) em Vila Velha é um deboche. O Call Center do Grupo Claro, situado em Vila Velha/ES e que emprega cerca de 1500 trabalhadores/as é um dos maiores do Estado, mas para a BrasilCenter/Claro o que importa é somente os resultados.
A reunião realizada no dia 01 de junho reafirmou o que vem acontecendo nos últimos três anos: achatamento do salário dos Especializados para equiparar com o piso salarial do REP, que hoje é o Salário Mínimo.
O gerente de Relações Trabalhistas da Claro, Fabiano Gonçalves Guimarães, que vem negociando os reajustes de salário, benefícios e o teletrabalho na BrasilCenter fez uma proposta que foi rejeitada pelo Sindicato. E por não aceitar o que a BCC oferece, é que haverá outra reunião na quarta feira, dia 9/06, às 15 horas.
Piso salarial: reajuste zero na data base. A empresa disse que já aplicou o reajuste do salário mínimo em janeiro (5,45%)
Reajuste demais salários: 3,6% em julho + 12% do salário atual como abono para compensar os meses de abril a junho/2021
Piso Salarial Serviço Especializado: reajuste de 4% sobre o salário de dez/2020. Isso daria R$ 1.117,84
Auxílio Alimentação: reajuste de 4% em julho/2021.
Para os/as trabalhadores que tem mais tempo na BCC, esses índices são uma crueldade. Só a inflação do período registrada pelo INPC do IBGE é 6,94%. Significa dizer que o salário de abril de 2020 não compra o mesmo tanto de coisas em abril/2021. Perdeu 6,94% do seu poder de compra. A isso chamamos de perda salarial.
Mas a BCC não aceita repor as perdas salariais e veio com uma proposta esquizofrênica. Há anos atrás, a empresa complementava. Em janeiro o salário aumentava devido ao reajuste do salário mínimo. Ai quando chegava em maio, a empresa fazia a reposição da inflação, descontando o reajuste de janeiro. Hoje, é arrocho.
Fizemos o cálculo com o reajuste proposta e o Especializado teria perto de 18 reais a mais em relação ao piso salarial do REP.
Imagina você, Especializado, ganhando R$ 17,84 a mais no salário para fazer um atendimento de 2ª nível e o seu colega do lado, ganhando quase o mesmo que você, fazendo um atendimento de 1ª nível ? É isso que a BrasilCenter chama de COMPENSAÇÃO para fazer um atendimento especializado?
A empresa se escora no fato de em janeiro ter sido obrigada pelo Acordo Coletivo a igualar os salários pelo Salário Mínimo. E desde janeiro, tanto os REPs quanto os Especializados ganham igualmente R$1.100. Era R$ 1.045,00 para os REPs e R$ 1.074,85 para os Representantes de Serviço Especializado.
Pela proposta da empresa, a diferença entre o piso do REP e o Especializado que dava R$ 28,85, agora foi reduzida a R$ 17,84. Porém, quando foi criado, em 2017, a diferença era de R$ 71,00. Em abril de 2018 a diferença chegou a R$86,35. Depois só caiu.
A empresa precisa entender que se o piso do REP foi sendo recomposto pela inflação, o do Especializado deve crescer na mesma proporção. Mas está acontecendo o contrário. Veja tabela:
Ano passado, a negociação que deveria ser em abril ocorreu em dezembro depois de muita pressão e o reajuste foi ZERO nos salários e benefícios. A empresa deu um abono de R$ 230.
O último reajuste do tíquete alimentação foi de 4,67% em abril/2019, chegando a R$ 257,00. Com os 4% que a empresa ofereceu o valor chagaria a R$ 267,28. Aumentaria R$ 10,28, em julho.
Para o teletrabalho, a empresa ofereceu uma ajuda de custo de R$ 80 e não quer colocar no Acordo Coletivo a política da empresa sobre o home office. Segundo Fabiano, a empresa ficaria engessada para fazer mudanças se esta politica interna ficasse atrelada ao Acordo Coletivo. Por isso, A BCC não propõe um Acordo Coletivo de Teletrabalho. Quer inserir uma cláusula no atual Acordo, propondo a ajuda de custo para quem quiser ir para o home office, cedendo equipamentos.
O Sinttel não conseguiu uma explicação da empresa para o valor proposto. Da onde a empresa chegou a esse valor de R$80,00? E não tem retroativo. Começaria a partir de julho.
Da mesma forma, o Sinttel não concorda que a política para o home office não tenha a possibilidade de intervenção do Sindicato, quando a empresa quiser fazer uma mudança que prejudique os empregados.
Isso demonstra que a BrasilCenter não quer as regras da sua política de cessão de equipamentos, mobiliário, desconexão, ergonomia, saúde dos empregados, etc., esteja definida e garantida nos acordos coletivos, podendo alterá-la ao seu bel prazer.