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Clima de terror

Metas abusivas nas lojas da Vivo não geram comissionamento

15/10/2019 - 13h33 - Sinttel-ES - Tania Trento
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O  telefone de Whats App do Sinttel 27 98889-6368 tem sido um canal revolucionário de comunicação direta com os/as trabalhadores/as nas empresas de Telecom. É por este canal que os/as empregados/as, vendedores/as nas lojas da Vivo têm denunciado as metas abusivas. O tratamento desigual com o devido critério de comissionamento e metas inatingíveis deixam de gerar pagamento das comissões por produtividade. Também vem causando o adoecimento das equipes.

Os relatos são extremamente tristes, comoventes, mas, sobretudo, demonstram clareza quanto às injustiças praticadas pela gestão da empresa. Vendedores/as questionam o DNA VIVO que deveria funcionar para os “colaboradores” da mesma forma que funciona para os clientes.

Ou seja, para os clientes, o programa DNA VIVO, implantado em dezembro de 2017, torna a empresa uma referência em todos os pontos de contato com o cliente, desde o atendimento realizado em lojas e call centers, até a visita dos técnicos nas residências. Já para os trabalhadores nem existe um programa que reconheça o esforço, que implemente a satisfação, que remunere a produtividade com igualdade.

“Amanhece o dia eu entro em desespero. Como vou atingir uma meta tão alta? Aí vem uma crise de choro, mas tenho que ir trabalhar. Estou adoecendo e ninguém da empresa se importa”.

A competição e a produtividade são estratégias adotadas em quase todas as empresas. As campanhas de premiação por performance geralmente têm o objetivo de promover o engajamento dos “colaboradores” (que só colaboram e não são reconhecidos/premiados) e alavancar as vendas (lucros astronômicos), fomentar comportamentos positivos, girar estoques além de evitar o avanço dos concorrentes, aumentando a participação do negócio no mercado a partir de metas preestabelecidas.

E não basta o esforço conjunto, uma liderança inspiradora, atuante e engajada e treinamento constante, se as metas forem mais ambiciosas que realistas e não oferecer recompensas que realmente sejam atraentes. E é justamente isso que vem acontecendo na empresa. Tanto que, numa dessas denúncias, o trabalhador pergunta:

“Eu gostaria de saber qual será a hora em que voltaremos a ganhar dinheiro? Qual será a hora que vão parar de aumentar essas metas exorbitantes, dando possibilidade aos cargos comissionados de voltarem a ter dignidade pelo esforço de todos os dias? A empresa não vê mais o funcionário como antes. A galera está cansada, mas tem medo de se posicionar. O povo está adoecendo nas lojas e ninguém dá credibilidade ou fingem não ver. Aqui a situação é caótica e deprimente”. (extraído do Work Place – rede social interna da Telefonica Vivo).

Veja essa situação relatada ao Sinttel-ES de como funciona o sistema de metas numa loja da Telefonica Vivo.  (Lembrando que as metas não iguais para todas as lojas).

“Existe uma campanha na Vivo chamada de Reconectados Nacional, que é a responsável por gerar as metas que os trabalhadores nas lojas devem bater. Esse sistema gera as metas, baseando-se nas metas já cumpridas em uma determinada loja e em um determinado período. Essas novas metas necessariamente são maiores que as anteriores: Exemplo: Se vendeu R$ 50 mil em aparelhos em outubro/2018, a meta para a venda de aparelhos em outubro/2019, obviamente, será maior que R$ 50 mil.”

“Esse sistema gera três indicadores de metas de vendas: 1) Linhas Fixa, 2) Linhas Móvel e 3) Devis (Aparelhos). Para receber o comissionamento, os trabalhadores precisam atingir, pelo menos, 90% dos indicadores nas metas estabelecidas. Se os vendedores atingirem 100% das metas de vendas de linhas fixas e móveis, mas não conseguirem atingir os 90% do indicador Devis (que é a venda de aparelhos) não recebem nada.”

Um outro relato dá conta do esforço – sem reconhecimento – de trabalhadores nas lojas:

“Quero declarar que o meu salário não é justo, pois desempenho várias funções: fui contratado para cuidar do estoque, mas eu me vi realizando trabalhos que são de responsabilidade dos gerentes. Eu recebo pouco mais de um salário mínimo, R$ 1245,00 bruto para cuidar de mais de R$ 1 milhão em mercadorias, corrigir vendas erradas, fidelizar clientes, acompanhar os contratos, regularizar qualquer tipo de pendência, pedir o uniforme, solicitar acesso à compras, trocar dinheiro para o caixa, sem receber quebra de caixa, confirmar RENOVA, dar suporte à outras lojas quando faltam analistas, promover venda de aparelhos e assessórios, SEM RECEBER UM REAL POR VENDA.”

“Somos cobrados ou cronometrados por qualidade, organização, metas que não são nossas e, no final, não temos RECONHECIMENTO ou BONIFICAÇÃO alguma! Não entra nenhum bônus trimestral. E somos aterrorizados para que tudo seja perfeito.”

“O Analista de Suporte Comercial produz muito. Somos o braço da loja. O que vi na Vivo foi um descaso com o ser humano, lugar onde fala tanto de PESSOAS, mas não se cuida das pessoas. Só enxerga números.” (extraído do Work Place – rede social interna da Telefonica Vivo).

As denúncias mostram que o modelo é uma estratégia da Telefonica Vivo. Na campanha salarial desse ano, quando os sindicatos se reuniram com a empresa para tratar dos reajustes nos salários e nos benefícios como o auxílio-alimentação, por exemplo, a empresa queria impor o pagamento do plano de saúde. E olha que o lucro da empresa é algo inimaginável para um vendedor da Vivo.

A empresa sabe da insatisfação dos seus trabalhadores e em duas dessas reuniões de negociação salarial, cuja a data base é setembro, manteve a proposta de cobrar pelo plano de saúde e reajustar os salários por índices abaixo da inflação só para o ano que vem.

Ou seja, a empresa veio com uma proposta muito ruim, para, na terceira reunião, oferecer um abono maior, pagar o INPC cheio – mantendo o reajuste para o ano que vem – mas retirou, claro, a intenção de cobrar pelo pano de saúde. E ai não quis mais negociar, finalizando as conversas.

Por que então, os trabalhadores aceitaram?

No ES, a votação secreta feita nas assembleias, com 188 empregados de lojas na Grande Vitória e interior do estado e nas sedes da empresa, revelou que 139 “colaboradores” aceitaram o abono e os reajustes para março de 2020.  Era o momento de dizerem NÃO à Vivo. Mas é obvio que aceitar essas condições revela o sofrimento, a falta de reconhecimento, os salários baixos e as metas altas que impedem o funcionário de mesmo se esforçando não e receber a recompensa, a bonificação tão esperada.

Os relatos farão parte de um relatório que a Federação Livre levará para a gerência de relações trabalhistas (RH) imbuída do esforço para mudar esse quadro desanimador, que, além de empobrecer a categoria, vem provocando doenças, como síndrome de pânico, depressão e stress.

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