“A Lei tem um valor simbólico imenso, é nova e ainda precisa ser consolidada. Nem toda lei que é aprovada tem seu resultado imediato, existe um período de implementação, ajuste, enfrentamento e consciência cultural”, afirma Carmen Foro, vice presidenta nacional da Central. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a média de assassinatos de mulheres, quando comparados os períodos de cinco anos antes e após vigência da legislação, continua em 5,2 mortes por cem mil mulheres. “Seu cumprimento é um desafio permanente da sociedade e sua eficácia se dará ao longo do tempo, com a mudança cultural necessária para que todos possam perceber que o machismo precisa ser combatido. As mulheres não são violentadas por acaso. São violentadas porque há uma ideia de que há um domínio masculino sobre seu corpo”, destaca.
A dirigente destaca que medidas paralelas devem ser implementadas para a eficácia da Lei. “Estamos entregando, por exemplo, as Unidades Móveis de enfrentamento à violência contra as mulheres do campo, porque não há garantias de que haja, nesses locais, delegacias para a denúncia. A medida é uma parceria entre o governo federal e os governos dos estados”. As 54 Unidades Móveis foram anunciadas pela presidenta Dilma Rousseff em 2011, na Marcha das Margaridas, e estarão em todos os estados para oferecer os serviços da Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência. “Se a violência é grande da cidade, imagina no campo, onde a busca por ajuda é dificultada”, afirma.
Para Rosane Silva, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, a Lei é completa. “O que necessitamos para tornar essa conquista ainda mais efetiva no combate à violência contra a mulher é a conscientização, inclusive das próprias mulheres, para que elas não tenham medo de denunciar os agressores. Há iniciativas do governo federal que incentivam as denúncias, agora é tarefa nossa, como sociedade, como movimento social e sindical organizados, nos conscientizarmos da cultura machista que nós temos e informar que as mulheres tem condições de amparo”.
A dirigente destaca que outros fatores podem dificultar a implementação da Lei. Entre eles, a resistência de prefeituras e estados a medidas de combate à violência. Como exemplo, Rosane cita o estado de São Paulo, último a assinar o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher e resistente à aceitação das Unidades Móveis de denúncia. “Hoje o estado tem as unidades, mas por iniciativa da prefeitura de São Paulo”, esclarece.