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"Diferenças são secundárias"

Lançada Frente em Defesa da Soberania Nacional

09/10/2019 - 17h32 - Sinttel-ES - Redação do Sinttel-ES
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Objetivo é construir a unidade de todas as forças democráticas, movimentos populares e organizações da sociedade civil para enfrentar o desmonte do Estado brasileiro

 

(Foto: Luiza Castro/Sul21) Ato de lançamento da Frente em Porto Alegre reuniu partidos, entidades sindicais, estudantis e movimentos populares. 

Sul 21  – Construir a unidade de todas as forças democráticas, movimentos populares e organizações da sociedade civil para enfrentar o desmonte do Estado brasileiro e da Constituição de 1988, pelo governo Jair Bolsonaro, e defender a soberania nacional e os direitos que estão sendo destruídos neste processo. Esse é o objetivo estratégico da Frente em Defesa da Soberania Nacional que foi lançada na noite desta segunda-feira (7), em Porto Alegre, em um ato que lotou o auditório da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras (Fetrafi-RS) e contou a participação de lideranças e militantes de cinco partidos que fazem oposição ao governo Bolsonaro (PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB), das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, de entidades sindicais, estudantis e de movimentos populares do campo do senado. O ato também contou com um representante do MDB, o ex-senador e ex-governador do Paraná, Roberto Requião.

Todas as falas destacaram a necessidade de fortalecer a unidade política e social em torno dessa agenda e levar para as ruas, de modo mais massivo, a oposição às medidas que vêm sendo implementadas pelo governo Bolsonaro. “Estamos vivendo um momento histórico aqui. Esse é o caminho certo. Essa frente pode ser um espaço estratégico para levar a oposição ao governo para as ruas”, disse a jornalista Katia Marko, representando a Frente Povo Sem Medo. Falando pela União Nacional dos Estudantes (UNE), Gabriela Silveira também destacou a importância da construção de uma frente ampla em defesa da soberania nacional para enfrentar as políticas de desmonte em curso como aquelas que atingem as universidades públicas e os institutos federais.

Dois ex-governadores do Rio Grande do Sul participaram do ato. Olívio Dutra (PT) foi mais um a defender a necessidade de levar a oposição para as ruas. “A nossa democracia foi golpeada em agosto de 2016. Temos que resgatar a democracia golpeada, mas precisamos qualificá-la também, construindo uma democracia radical que vá às raízes dos problemas que enfrentamos no Brasil. Essa frente tem um caráter estratégico e não meramente tático e deve incorporar todas as forças que lutam pela democracia e pela soberania”, defendeu. Tarso Genro (PT) fez uma saudação especial a Roberto Requião e ao músico Nei Lisboa que, para ele, simbolizam o caráter plural, amplo e diverso que a frente deve ter. “Estamos enfrentando novas formas de dominação, marcadas pela simbiose entre o capital financeiro, o autoritarismo e uma ideologia fascista que está presente no Brasil hoje. Enfrentar essa articulação perversa é a nossa tarefa prioritária”, afirmou o ex-governador e ex-ministro da Justiça.

O cineasta Jorge Furtado também participou do ato de lançamento da frente e destacou o clima que se instalou no auditório da Fetrafi. “É uma alegria ver aqui pessoas de vários partidos e políticos em que já votei e para os quais já fiz campanha. Eu nunca me arrependi de nenhum de meus votos. Só o fato de estar numa sala onde ninguém acha que a terra é plana já é um alento. Nós vamos reerguer o Brasil a partir das cidades. Ontem já tivemos uma boa notícia com o resultado da eleição para o Conselho Tutelar. Ano que vem vamos vencer a eleição municipal e começar a reconstruir o país”, afirmou.

Vice-presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, o deputado federal Henrique Fontana (PT) destacou que o elemento unificador de todas as forças políticas e sociais que estão participando da frente, e que deve estar acima de qualquer diferença entre elas, é a defesa da soberania nacional que está ameaçada. Roberto Requião relembrou que o atual processo de desmonte teve uma de suas origens na agenda da chamada Ponte para o Futuro, abraçada pelo PMDB. Com ela, afirmou, o Brasil passa a ser um país de segunda categoria, completamente submisso. O ex-senador criticou a escolha do slogan “Fora, Bolsonaro!” para definir qual deve ser o centro da atuação política da oposição no próximo período. Para ele, Bolsonaro é apenas “um palhaço que distrai”. “O Brasil é governador hoje pelo capital financeiro representado pelo Paulo Guedes, no Ministério da Economia, e pelo Rodrigo Maia, no Congresso Nacional. O fundamentalismo de Bolsonaro representa apenas cerca de 6% da população”.

Requião citou o exemplo de Portugal, onde uma aliança entre socialistas, comunistas e Bloco de Esquerda, garantiu uma nova vitória eleitoral, como inspiração para a frente que deve ser construída no Brasil. “Precisamos de uma frente política para se opor ao neoliberalismo econômico e para encaminhar um referendo revogatório para reverter tudo o que Bolsonaro está destruindo”, defendeu.

Ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, definiu o ato de criação da frente como expressão da resistência e da esperança. “Representamos a esperança do povo brasileiro. Precisamos ter isso em mente, resgatar a nossa autoestima e a dignidade das palavras soberania, nacionalismo e patriotismo, que foram sequestradas. Temos um anti-presidente que bate continência para a bandeira dos Estados Unidos”.

Acompanhada pela filha Laura, Manuela D’Ávila (PCdoB) chamou a atenção para o valor da unidade expressa no auditório da Fetrafi. “Temos representantes de seis partidos juntos aqui esta noite. Não é pouca coisa. É um grande desafio construir essa unidade e conseguimos nos reunir aqui hoje em torno da defesa da soberania nacional”. Para a candidata a vice-presidente nas eleições de 2018, o que está acontecendo no Brasil deixa mais claro do que nunca a ausência de qualquer vocação da elite brasileira para construir um projeto de nação. “O que estamos vendo, mais uma vez, é a construção de um governo colonial”, resumiu.  Além do espírito colonial, Manuela também apontou outra característica da elite brasileira: o ódio ao povo brasileiro.

Para Manuela, o ato de lançamento da Frente concretizou dois pressupostos necessários para enfrentar o governo Bolsonaro: uma unidade ampla e real e a aceitação das diferenças entre as forças que estão construindo essa unidade. “Essas diferenças são secundárias diante do desafio que temos pela frente e nós devemos estar à altura desse desafio”, concluiu.

A deputada federal Fernanda Melchionna falou pelo PSOL e também destacou a necessidade de construir uma ampla unidade de ação em defesa das liberdades democráticas e da Constituição de 1988. Mas defendeu também a importância de avançar na direção de um programa em defesa dos interesses dos trabalhadores que, para ela, deve ter um caráter anti-capitalista. Melchionna chamou a atenção para os ventos de revolta que começam a soprar na América Latina, citando os protestos que eclodiram nos últimos dias no Equador e no Peru. “Neste momento está ocorrendo uma insurreição no Equador contra o governo de Lenin Moreno e, no Peru, o regime está em crise envolvido em um processo de corrupção generalizada. A esquerda está nas ruas e não deixou espaço para a extrema-direita crescer. Isso deve servir de exemplo para nós”.

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