O processo de Dissídio Coletivo da Brasil Center foi julgado na tarde desta quarta-feira, 23/11, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES). Foi mais uma vitória do Sinttel com os/as teleoperadores/as. Os desembargadores (juizes) praticamente mantiveram todas as cláusulas do Acordo Coletivo atual, firmado em 2015, concedendo o percentual de reajuste pedido pelo Sinttel: 9,91% para todos os pisos e demais salários. E é retroativo à data base, que é abril.
Isso é justamente o contrário do que a BrasilCenter queria. Ela propôs – durante toda a negociação salarial para o Sinttel/ES – que o piso salarial fixado em 880 reais, desde janeiro/2016 – continuasse assim, sem reajuste. Queria dar um calaboca de R$ 280 como abono. Já para os demais salários, ela oferecia o INPC de 9,91%, como reajuste, mais o tal abono.
Essa proposta era revoltante. Para a maioria um abono, que não incide nas férias, na aposentadoria, nos salários. Para os cargos com salários maiores, o reajuste, que melhora a renda de uma maneira geral e, ainda, complementava com um abono. Mas a justiça foi feita e não teve essa de abono, mas de recomposição salarial.
A decisão tomada aqui pelo TRT do ES, ainda, cabe recurso ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) em Brasília. Mas o Sinttel-ES vai tentar todos os recursos para que a empresa comece a cumprir já essa decisão, objetivando que os/as mais de 2 mil trabalhadores/as – do maior call center do ES – comecem a receber o reajuste, que deveria ter sido aplicado aos salários em abril/2016, mês da data base.
O prejuízo desses trabalhadores é grande. São quase 12 meses de perda do poder de compra dos salários, corroídos pela inflação.
O Sinttel-ES decidiu ingressar com o pedido de dissídio coletivo (quando se pede à justiça para resolver o impasse) depois que a negociação coletiva não resultou em avanços.
As conversas iniciaram em fevereiro/2016, com o envio da pauta de reivindicações. A categoria autorizou essa decisão, na primeira assembleia, convocada pelo Sinttel, na abertura das negociações salariais de 2016.
Desde o começo, a BrasilCenter radicalizou, não apresentando nenhum percentual de reajuste. Em toda reunião, culpava a crise e reafirmava sua proposta de reajuste zero para os pisos salarias, pagos ao/às quase 2 mil trabalhadores/as, os/as teleoperadores/as (Reps).
Diante desse comportamento, o Sinttel resolveu não aceitar a manutenção dos salários em R$ 880,00, fixados desde janeiro quando houve o reajuste do salário mínimo. A empresa queria dar uma abano salarial de R$ 280,00 para compensar a falta do reajuste. Para outros/as trabalhadores/as que recebem acima dos pisos, a empresa ofereceu 9,91%, mais os R$ 280 de abono.
Essa situação é rídicula, quando se sabe que a BrasilCenter é o call centter do Grupo América Movil (Grupo Claro/Embratel/Net), cujo dono é o mexicano Carlos Slin, um dos homens mais ricos do mundo. Não é uma empresa terceirizada, prestadora de serviço, como a maioria dos call centeres. Portanto, o atendimento à grande sua própria cartela de clientes, do segundo maior grupo de telefonia do país e o maior da America Latina, é feita pelo grupo, cujos lucros andam acima da média, diante da crise que o Brasil vem atravessando.