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Greve na Heringer acaba depois de 13 dias. Prejuízo da empresa passa de R$ 10 mi.

29/10/2012 - 8h36 - Sinttel-ES - Tania Trento
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Chegou ao fim, na tarde desta segunda-feira (29) a mais longa greve dos trabalhadores na fábrica Fertilizantes Heringer, em Viana – ES. Dispostos, os 170 trabalhadores da produção permaneceram por 13 dias de greve na portaria da empresa,

enfrentando o descaso e a intransigência dos patrões que só negociaram a pauta – encaminhada no dia 17 de outubro -, na audiência realizada dia 26, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT;ES), em Vitória.

Os trabalhadores administrativos receberão o reajuste a ser negociado na Convenção Coletiva de Trabalho, cujo início está marcado para o dia 8/11. Caso o índice de reajuste da Convenção Coletiva das empresas químicas seja menor, nada será descontado dessa antecipação aos operários . Por outro lado, se o reajuste for maior, será respassado pela empresa. 29/10/2012 – A categoria conquistou boa parte do que reivindicou. Voltam ao trabalho com uma antecipação de 12% de reajuste para a faixa salarial de até R$ 1.059,46 (atingindo 70% dos operários da produção) e de 8% para os demais salários do setor fabril. A cesta básica que hoje é de R$130,00, receberá um reajuste de 15% passando para R$ 150. Conquistaram 30 dias de estabilidade para todos que estiveram no movimento de paralisação e, após esse período, a empresa não poderá dispensá por “justa causa”. Pelos dias parados, a Heringer abonou seis e os empregados vão pagar cinco dias, que deverão ser compensados nos feriados 2, 3 e 15/11, 8 e 15/12.

Prejuízo ultrapassa R$10 milhões

A greve dos trabalhadores da Heringer deu um enorme prejuízo aos cofres da empresa. Além de perder clientes e contratos no mercado interno, pois não cumpriu prazos em plena safra que vai de setembro a novembro, a produção ficou paralisada em todos os 5 maquinários que misturam e ensacam os produtos químicos como adubos e fertilizantes na fábrica de Viana. Por dia, 1,5 tonelada de produtos deixaram de ser fabricados. Cerca de 100 caminhões também deixaram de ser descarregados e carregados diariamente. Um trabalhador informou que se somarem os 13 dias da paralisação, o prejuízo só com o carregamento dos caminhões ultrapassa R$ 6,5 millhões.

Negociação difícil

Hoje pela manhã, o Sinticel realizou uma assembleia com os trabalhadores e havia muitas dúvidas sobre a proposta negociada na sexta -feira passada no TRT-ES. Faltava garantias. Diante disso, uma comissão de trabalhadores e sindicalistas, acompanhada do advogado do Sinticel, Alexandre Xavier, estiveram reunidos durante quase toda a manhã com os gerentes da fábrica de adubos.

Sem poder de decisão aqui, toda a discussão foi remetida a São Paulo, onde está o Gerente de RH, senhor Lucas. Às 13 horas, a empresa chamou o sindicato para acertar os detalhes da proposta, sendo aceita na assembleia realizada no fim da tarde.

Histórico de desrespeito

A greve na Fertilizantes Heringer teve início porque a pauta de reivindicações dos trabalhadores foi enviada no dia 10 de outubro, mas na tarde daquele mesmo dia , a Heringer se negou a discutir com o Sinticel para analisar as reivindicações da categoria. A empresa alegou que o Sindiquim (sindicato patronal) era o seu representante e por isso não faria uma negociação em separado. O Sinticel vinha tentando há três anos seguidos firmar um acordo coletivo com a Heringer, uma vez que a Convenção Coletiva negociada com o Sindiquim reúne garantias mínimas, incompatíveis com o porte de grandes empresas como a Heringer (3ª maior do país em produção de fertilizantes) e Evonik, que também segue as cláusulas da CCT.

O histórico de negociação do Sinticel com a Fertilizantes Heringer é marcado por intransigência e desrespeito com o trabalhador e revela que a empresa só negocia quando interessa a ela. As relações são conflituosas e a gestão descumpre a legislação trabalhista, escondendo acidentes de trabalho, não emitindo CAT, obrigando os operários a laborarem além da jornada, excedendo em muito a quantidade de horas extras. Nesse período de paralisação, o departamento jurídico do Sinticel formalizou denúncia ao Ministério Público do Trabalho e também à SRTE- ES.

Segundo o Sinticel, a empresa opera em três turnos de revezamento, sendo em cada um com cinco equipes formadas por 15 trabalhadores – um lider, um operador de pá carregaddeira, um sinaleiro, um moegueiro, um dosador, um na limpeza, um para jogar um mic total, quatro carregadores de sacos (50 kg), além de dois balanceiros e dos biqueiros. Eles fabricam em torno de 300 t/dia de adubos. No maquinário 4, o maior de todos, a equipe tem 22 pessoas.

“O trabalho é puxado”, disse o diretor do Sinticel, Aloir Rodrigues. Segundo ele, os operários que carregam a sacaria são chamados de pegador e sofrem com o trabalho pesado. “No maquinário 01, que fabrica 300 t /dia, são 6 mil sacos que quatro homens devem encher os caminhões com 14 t. Isso significa que cada um carrega 1.500 sacos por dia. A quantidade de lesionados na coluna, ombros e braços é grande”.

Mas não é só! O diretor conta que eles ainda tem que descarregar na enxada, as carretas graneleiras, com matéria-prima que vem do porto, como cloreto granulado, pink, ureia, sulfato de amonia, etc.

Outro problema é a poeira. Segundo alguns trabalhadores, existem produtos como o FH 480, que quando é triturado e misturado gera uma enorme quantidade de poeira. “Não dá para enxergar o colega de trabalho”. Eles citam também o Nitromais – um produto azul que causa náuseas, tonteiras e sangramento no nariz e amônia e enxofre com os mais tóxicos. A empresa não paga insalubridade para os operários da produção. O Sinticel tem três ações coletivas contra a Heringer, reivindicando o pagamento de insalubridade, mas quando os peritos da justiça do trabalho vão à empresa, medir os índices de barulho e poeira, a empresa desliga as máquinas.

Periculosidade só é paga para um mecânico, porque ele abastece as máquinas e para os três eletricistas. Mas todos os mecânicos manuseiam graxa, oleos, maçarico, solda. A empresa diz que eles não se expoem muito quando operam esses equipamentos e produtos, por isso não paga os adicionais.

Outra falha, apontada pelos empregados, é na segurança. Os acidentes não são anotados e comunicados. Hoje a empresa opera com apenas dois técnicos de segurança, que trabalham de dia e nenhum no período da noite.

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