Alguns podem fazer aquelas comparações grosseiras sobre a Greve Geral desta sexta (30/6) com a 1ª greve, que aconteceu no dia 28 de abril, convocada pelas centrais sindicais, em que houve diversos bloqueios nas entradas da Capital. Mesmo diminuindo o valor das manifestações pelo número de trabalhadores presentes, como fazem as emissoras de rádio e TV e os jornais diários, os manifestantes que, enfrentaram o sol e a polícia, sabem que fizeram o dever de casa para resistir aos covardes ataques contra os direitos da classe trabalhadora.
A verdade é que a cidade de Vitória parou, nem que seja por algumas horas, mesmo sem a adesão dos rodoviários, teleguiados pela Farsa Sindical (motoristas do transporte público, que circulou sem problemas). Porém, centenas de homens, mulheres, estudantes, sindicalistas, portuários, bancários, eletricitários, telefônicos, metalúrgicos, professores, técnicos, servidores públicos, petroleiros, comerciários, da Construção Civil, trabalhadores do campo e da cidade fizeram duas grandes caminhadas de protesto pelas ruas da cidade. Uma saiu do Norte; começou em Carapina, na Serra e encontrou-se com outro grupo de manifestantes na Ufes, em Jadim da Penha. A outra, veio do lado do sul. Já de madrugada, manifestantes se concentravam em frente à Rodoviária de Vitória, rumo à Assembleia Legislativa (ALES).
Essas passeatas ocuparam as ruas e bloquearam o trânsito de veículos por algumas horas, mas a população apoiou o movimento. Quem não apoiou foi a Polícia Militar de Paulo Hartung, o governador do ES. Repetindo as atitudes violentas do dia 28 de abril, não poupou os ataques da PM aos manifestantes. Ordenada pelo Coronel Ramalho da PM, a Força Tática (tropa de choque) reprimiu com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, lançadas sobre os trabalhadores, em frente à Rodoviária de Vitória.
A ação truculenta seguiu-se da Rodoviária, passando pelo Mercado da Vila Rubim, até o próximo à Escola Técnica, em Jucutuquara (veja filme feito de uma transmissão no Bom Dia ES, da TV Gazeta). Depois dessa transmissão, a repórter Poliana Alvarenga não mais mostrou as ações da polícia. Estrategicamente sua equipe de TV foi isolada, permanecendo num grande espaço vazio entre os policiais militares, que estavam atrás dos manifestantes, e o trânsito de veículos, parados também pela PM. Ou seja, num vazio de ruas desertas, sem contudo mostrar o que estava acontecendo com os manifestantes.
Os manifestantes chegaram em frente à Assembleia Legislativa, na Enseada do Suá, por volta das 11h30, seguidas de um ato público, que durou cerca de duas horas. E não faltaram críticas ao governo corrupto, ilegítimo, de Michel Temer, suas reformas que retiram direitos trabalhistas, impõem uma escravidão moderna e enterram a aposentadoria.
Fora Temer. Diretas já!
O Sinttel-ES – Sindicato dos Trabalhadores e trabalhadoras em empresas de Telecomunicações no nosso Estado – está na luta contra as reformas Trabalhista, Previdenciária, a Terceirização sem limites, por Diretas Já e Fora Temer.
As trabalhadoras do sindicato e parte da diretoria participaram do movimento, já que as reformas retiram direitos de todos os trabalhadores.
O Secretário geral do Sinttel-ES, Alessandro Mamedi, que caminhou da Rodoviária até a ALES e enfrentou a repressão violenta da PM, disse que “não podemos ficar parados diante de tantos ataques à classe trabalhadora. Estamos falando da maioria dos nossos representados que recebem de 1 a 3 salários mínimos por mês”.
Segundo a funcionária do Sinttel-ES, Delani Pereira de França, “é pra estes trabalhadores que a Reforma Trabalhista está sendo votada no Senado Federal. E os senadores capixabas, Ricardo Ferraço, Rose de Freitas e Magno Malta estão contra nós, e a maioria dos seus eleitores. Eles são a favor dos empresários, dos banqueiros, dos ruralistas, dos rentistas, da elite dominante. Precismos pressioná-los a mudarem o voto, pois a população não quer essas reformas, do que jeito que eles estão propondo”, conclamou!
Oscarina Penha da Silveira, que toma conta da secretaria do Departamento Jurídico do Sinttel, revela que 80% das ações trabalhistas ajuizadas pelo Sindicato são contra empresas terceirizadas pelas Operadoras de Telefonia, que precarizam e pagam salários muito baixos. “O grande número de ações mostra que essas empresas não cumprem minimamente os direitos trabalhistas, garantidos nos Acordos e Convenções Coletivas e também na CLT. Os empresários, os banqueiros, os grandes fazendeiros querem mão de obra barata e não cumprir nenhum direito trabalhista. O projeto da Reforma Trabalhista vai impedir, vai acabar com essa história de ir buscar reparação na Justiça do Trabalho”, esclareceu a funcionária.
“É revoltante!”, disse Mariângela Machado, responsável pelo setor de homologações do Sinttel-ES e que sofreu com o gás e as bombas jogadas pela PM. “Há muitos desempregados, mas 71% dos trabalhadores empregados, que recebem até 2 salários, serão os mais prejudicados se as reformas forem aprovados por esse governo corrupto. Uma grande quantidade de trabalhadores serão transformados em mão de obra a ser explorada até o osso, com o trabalho intermitente, onde não há um piso salarial e nem a garantia de que os patrões vão pagar a previdência, as férias, o 13º salário, a PLR, etc. Vão receber menos do que ganham hoje e sem os direitos e garantias da CLT e da Justiça do Trabalho”, enfatizou Mariângela.