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Eleições 2016: Não voto “vence” em nove capitais

03/10/2016 - 17h54 - Sinttel-ES - Tania Trento
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Brancos, nulos e abstenções superaram votação dos primeiros colocados em grandes cidades, entre elas São Paulo; para cientista, distanciamento da população da política gera grave problema de representação

São Paulo – Encerradas em primeiro turno as eleições municipais em São Paulo, as urnas demonstraram a força do “não-voto”. A soma das abstenções, votos nulos e brancos alcançou 3.096.304 de votos, superando o eleito em primeiro turno, João Dória (PSDB), que obteve a preferência de 3.085.181 eleitores. Segundo dados do TRE-SP, aproximadamente um em cada três paulistanos (34,8%) não participaram da escolha do novo prefeito, o maior índice desde 1996.

Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belém (PA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Aracaju (SE), também tiveram mais “não-votos” do que os primeiro colocados nas eleições municipais.

“O conjunto de abstenções, votos brancos e nulos historicamente é muito maior nas eleições municipais, muito mais que nas eleições gerais. Mas, este ano, além desta tendência histórica, somou-se a isso esse processo muito difuso de desconfiança, descrédito e dificuldade de aceitação pela população das mudanças que o sistema político está passando em decorrência dessa longa crise”, avaliou em entrevista à Rádio Brasil Atual o sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra.

Para o cientista político e professor da PUC-São Paulo, Reginaldo Nasser, o elevado número de abstenções, votos brancos e nulos revela o distanciamento de parcela significativa da sociedade do processo político.

“Ainda é preciso identificar mais profundamente a causa da não participação da população. Temos que ver, no caso das abstenções, o número de pessoas em trânsito. Mas, sem dúvida, os números já revelam o momento político do país, o distanciamento da política. A questão das denúncias de corrupção se tornou cotidiana, com a grande mídia noticiando todos os dias. E, muitas vezes, a pessoa ao invés de buscar informações, saber se aquilo é verdadeiro ou não, ela se afasta da política. Gera a despolitização”, explica o professor.

“A consequência é um grande problema de representação política. Afinal, se você não participar, alguém vai decidir por você. Em termos pragmáticos, o eleito não se preocupa se venceu com um grande número de abstenções, brancos e nulos”, acrescenta.

O “não político” – Para Nasser, a vitória de candidatos que se apresentam como “não políticos”, como “gestores”, da forma como aconteceu em São Paulo, também está relacionada com esse distanciamento da política.

“Não é um fenômeno novo. É frequente. Aconteceu com o Pitta que, bancado pelo Maluf, apareceu da mesma forma como o Dória, como alguém de fora da política. É uma ideia muito simplista, mas funciona. Se as pessoas entendem o meio político como corrupto, alguém de fora estaria mais qualificado. Em uma eleição curta, em uma metrópole como São Paulo, a massificação dessa mensagem no programa televisivo deu resultado”, diz.

Entretanto, o cientista político não vê a ascensão dos “não políticos” como uma tendência, mas sim como algo episódico, que ocorre de tempos em tempos. “Do jeito que esses personagens surpreendem pela maneira rápida como aparecem, também surpreendem da mesma maneira pela forma como somem”, conclui.

Felipe Rousselet, Redação Spbancarios
3/10/2016
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