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Cortando no osso. Demissões na Oi chegam a 17 no ES

11/05/2016 - 17h25 - Sinttel-ES - Tania Trento
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Nesta terça-feira (10/05) 14 trabalhadores/as na Operadora Oi, na Grande Vitória, foram demitidos/as. Outros/as três empregados/as, em Cachoeiro de Itapemirim e Colatina, receberam a comunicação na manhã desta quarta-feira. Ao todo 17 companheiros e companheiras foram dispensados dentro plano de reestruturação anunciado pela Oi, no dia 05 de maio, quando a empresa se reuniu com a Comissão Nacional de negociação dos trabalhadores e a Fenattel. A maioria dos demitidos eram qualificados e experientes, vindos das empresas Telest, Telemar, Nokia Siemens, Ericson. Vestiam a camisa da empresa há muitos anos, como o caso de Urbano Washington do Rosário, 61 anos, sete deles na Oi, mas que desde 1977 integrava a categoria, quando ingressou na antiga Telest, depois Telemar e, finalmente, na Oi.

A Operadora justifica os cortes em todo o país, cerca de 2 mil pessoas, enfatizando as dificuldades financeiras, exemplificadas no mega prejuízo de R$ 5,3 bilhões e no rebaixamento das ações para um valor inferior a R$ 1 na Bolsa de Valores, além de um endividamento na ordem de R$ 55 bilhões. A empresa acredita que o Plano de Recuperação 2016-2018, cujos focos são Convergência e Digitalização, vão aumentar a base de clientes e permitir a renegociação de sua enorme dívida junto aos bancos credores.

Essa pretensão, no entanto, não ganhou respaldo diante das demissões ocorridas entre os experientes e comprometidos/as trabalhadores/as capixabas. “Ninguém é insubstituível, mas o capital humano que a Oi perde com essas demissões, aqui em nosso Estado, será irreparável. Ninguém consegue entender os critérios para os cortes. Tem um companheiro demitido, que só ele fazia o trabalho e num equipamento antigo, que não se usa mais. Além de ser difícil encontrar outro para substituí-lo, certamente sairá mais caro para a empresa, o que só piora suas condições já difíceis. Essa é uma afirmação quase que unânime entre os dispensados”, afirma Nilson Hoffmann, presidente do Sinttel-ES.

Gerentes, superiores e assistentes das áreas de operação, jurídico, atendimento ao cliente, relações institucionais, comutação, otimização de redes móveis, com altos salários e outros com pequenos salários, como por exemplo, de R$ 1.400, de um assistente jurídico (preposto), de 29 anos, 8 deles na empresa, dois filhos e estudando o 4º período de Direito. Que critério a Oi usou para dispensar tais profissionais? Vejam os depoimentos:

Existe vida após a Oi
“Chorei muito, pois estava deixando amigos de longa data e pelo esforço dedicado ao trabalho de muitos anos. Troquei a faculdade de administração pelo Direito para me especializar e ajudar a empresa a não ser penalizada pelos erros que comete contra os empregados. Me senti mal ao ser dispensada. Minha pressão subiu. Os boatos que chegavam pela “Rádio Peão” eram estressantes. Cheguei a pensar que a minha área acabaria. Hoje, um dia depois, refletindo melhor, acredito que existe vida após a Oi e que, ainda bem que a empresa não decretou falência antes de me demitir, pois acredito que como ganho um baixo salário, seria uma das últimas a receber. Já fiz um currículo e vou à luta, pois tenho dois filhos e a faculdade para tocar em frente”, revelou uma companheira demitida, que pediu para não ser identificada.

A ficha só caiu um dia depois
“Eu ainda não sei o que fazer, não conheço outra empresa. Tenho 39 anos, sendo 18 deles dentro da Oi. Comecei a trabalhar como estagiária, em 1988. Cheguei ao cargo de gerência. Hoje é que está caindo a ficha que não tenho mais emprego e com um filho de 1 ano e 4 meses para criar. Mas ontem eu fiquei em choque, sem ação”.

Cortando no osso
“Não foi surpresa o plano de reestruturação porque sei das condições da Oi, mas, para mim, a demissão foi um choque, pelo que eu fazia na empresa. Nem sei como vão fazer para arrumar outro para colocar no meu lugar. Creio que fui demitido por causa do meu salário, pois, nesse momento, a empresa está preocupada com ela, pois a lama está no nariz. A compra da BT foi o começo do fim e agora está ladeira abaixo. Eu vou tentar outra colocação no mercado, pois tenho dois filhos e esposa que trabalha, mas não será fácil”.

Quem vai sentir é o assinante
“Eu vou descansar, disse Urbano Washington do Rosário, 61 anos, sete deles na Oi. Recebi a demissão com tranquilidade e sem problemas, pois já estou aposentado. Mas quem vai sentir essa redução no quadro é o assinante, o cliente da Oi. A empresa não está preocupada com os clientes”.

Depois de 34 anos, é tenso!
“Para quem trabalha certinho, veste a camisa durante 34 anos é tenso, complicado. Não dá para entender como uma empresa consegue chegar num momento desse, quando dominava o mercado e, agora, se desfaz de pessoas eficientes e comprometidas? Eu sempre desenvolvi um volume de atividades que não condizia com o meu salário. Ainda não me aposentei e terei que continuar. Espero que o mercado, pelo bom relacionamento que cultivei com os colegas e as demais operadoras, possa me dar outra chance de fazer fora, o que fiz dentro da Oi. Sou otimista e vou tocar a vida.”

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