O Clube de Engenharia solicitou nesta quinta-feira, 13, que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) faça uma intervenção na operadora de telefonia Oi, que está em processo de recuperação judicial.
Maior operadora de telefonia fixa do país e quarta maior de telefonia móvel, junto com suas seis subsidiárias, a Oi fez o maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil, envolvendo R$ 65,4 bilhões em bônus, dívidas bancárias e responsabilidades operacionais.
Os engenheiros defendem que a medida visa resguardar a segurança e a continuidade dos serviços prestados pela companhia. “O Clube de Engenharia espera da ANATEL que garanta a segurança institucional do sistema de comunicações operado pela Oi, a partir da elaboração de um plano de contingência em conjunto com a empresa, no qual fique expressa a possibilidade de intervenção na concessionária, tal como previsto pelo artigo 110 da Lei Geral de Telecomunicações, de modo a preservar a qualidade e a continuidade dos serviços por ela prestados”, diz a entidade.
Na terça-feira, 11, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que o governo federal tem trabalhado para evitar qualquer processo de intervenção na Oi, que pediu recuperação judicial em 20 de junho. “Nós temos duas premissas: trabalhar para que não haja intervenção e não haverá injeção de dinheiro público [no processo de recuperação da empresa]”, disse o ministro.
Leia a nota do Clube de Engenharia:
“Posicionamento do Clube de Engenharia sobre a situação da Oi
Em face ao processo de recuperação judicial em que se encontra a Oi e à necessidade de se proteger a base instalada de seus 73 milhões de usuários espalhados por todo o território nacional, à exceção do Estado de São Paulo, o Clube de Engenharia tem o seguinte entendimento:
1. A infraestrutura para prestação de serviços de telecomunicações operada pela Oi, essencial para o funcionamento da economia do país e para as comunicações entre as pessoas, em nenhuma hipótese pode colapsar ou perder qualidade.
2. Pelas normas regulatórias em vigor, estabelecidas pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei Geral de Telecomunicações de 1997, os bens e instalações associados à concessão são reversíveis à União ao final da concessão, ou em casos em que a concessionária tenha dificuldades em dar continuidade aos serviços. Tais bens reversíveis são patrimônio público, que permitem que a infraestrutura instalada e operada pela concessionária possa ser novamente licitada, dando-se continuidade ao atendimento adequado dos serviços. No caso da Oi, o valor dos bens é objeto de controvérsia pois, segundo a imprensa, há avaliações desde 5 bilhões de reais (ANATEL) até 108 bilhões de reais (TCU), o que permite antever demanda judicial de demora imprevisível.
3. A situação financeira da Oi, cuja dívida a ser equacionada em processo de recuperação judicial é a maior ocorrida no país até hoje, com credores espalhados pelo mundo, com pedidos de falência de suas subsidiárias em outros países e o não pagamento de obrigações vencidas, evidenciam um processo longo e incerto para a recuperação da empresa.
4. Nessas circunstâncias, o Clube de Engenharia espera da ANATEL que garanta a segurança institucional do sistema de comunicações operado pela Oi, a partir da elaboração de um plano de contingência em conjunto com a empresa, no qual fique expressa a possibilidade de intervenção na concessionária, tal como previsto pelo artigo 110 da Lei Geral de Telecomunicações, de modo a preservar a qualidade e a continuidade dos serviços por ela prestados.”