Boas intenções?
26/05/2022 – 19h57 – Federação Livre – Tânia Trento
As boas intenções da empresa foram apresentadas na reunião de rotina entre a Comissão de Trabalhadores da Federação LiVRE e os representantes do Grupo Claro Brasil, Fabiano Guimarães e Antonio Ramires (Jota), ocorrida de forma virtual nesta quarta-feira, 25/05. Porém, todas as reivindicações apresentadas ainda vão ser estudadas pela empresa.
É como diz o ditado: “De boas intenções o inferno está cheio”. E os trabalhadores sabem como é a CLARO: a mais antissindical de todas as operadoras. A Federação LiVRE, que reúne os Sinttels do AM, CE, ES, PE, RJ, RN e RO também sabe que a luta é todo dia.
Além das antecipações das negociações dos ACTs e PPR, a pauta da reunião incluiu: registro de ponto, escala de trabalho, segurança, piso salarial abaixo do salário mínimo, diferenças no pagamento do VA e VR, homologações não realizadas nos Sindicatos e empresas terceirizadas que não cumprem os acordos coletivos do setor e não aceitam a represntação dos Sinttels.
O coordenador da Comissão e presidente do Sinttel-CE, João Cezar Barbosa, resumiu que a reunião foi positiva, mas sem nenhuma decisão.
A CLARO concordou em negociar o PPR 2022 o quanto antes. Mas informou que a empresa está analisando uma alteração no procedimento de cálculo dos indicadores/pesos de forma positiva. Até o início de junho, acontecerá uma reunião com a LiVRE para negociar.
Trabalhadores vêm reclamando da dificuldade de validação do registro de ponto, com aplicativos baixados no aparelho celular particular e até com necessidade de exclusão de outros aplicativos impactando na rotina individual.
A empresa reconheceu o transtorno, mas alegou que a invasão nos sistemas ocorrida em dezembro levou-a a modificar seus sistemas de controle e registro/acesso aos dados internos. Por isso, o modelo de acesso foi vinculado ao registro de ponto de forma a controlar melhor os acessos internos. Citou, como exemplo, o caso do bloqueio do acesso durante o período de férias e que a aplicação implantada passa pela autorização de acesso solicitada pela gerência imediata e pela utilização do celular.
A Comissão de Federação LiVRE relatou casos de solicitação de acesso sem retorno da área de TI, enquanto a CLARO apontou possível falta de maior comunicação sobre o procedimento.
Ficou ajustado que a empresa reforçará, junto aos gerentes, o procedimento. A LiVRE alerta a todos que acompanhem o procedimento, sem acatar nenhuma falta indevida registrada ou prejuízo por ocasião desse procedimento.
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A empresa alegou adequação à demanda e registrou que houve informação com 45 dias de antecedência e que esse modelo era praticado apenas no Rio, SP e DF, todos no mesmo processo de adequação local.
A LiVRE cobrou a política de segurança da CLARO para a rotina de trabalho. Há locais de alta periculosidade, independente da hora da realização do trabalho que a empresa envia apenas um técnico para atendimento da demanda.
A empresa afirmou que a política gerencial é descentralizada, que os gerentes locais definem sobre o caso da segurança. A comissão da LiVRE retrucou que é necessário reforçar/melhorar o procedimento pois há três turnos de trabalho, inclusive o da noite, o que amplia o perigo.
Não houve posicionamento da empresa quanto a definição de ser um ou dois técnicos.
João Cezar destacou a necessidade de revisar a tabela de pisos praticada pela empresa. O valor constante do acordo vigente é menor que o salário mínimo atual: o primeiro piso está em R$ 1.155,72, para jornada 36 horas, sendo menor ainda — R$ 1.097,00 — para os/as admitidos/as sem experiência.
A empresa respondeu que o valor é salário por hora. Houve debate, mas sem consenso. Esse ponto já está na pauta de reivindicações do próximo acordo coletivo.
Com contundência, a Comissão dos Trabalhadores pediu que a CLARO acabe de vez com a triste prática de discriminar seus trabalhadores com valores distintos do VA e do VR por região.
A empresa reconheceu que essa prática é danosa, mas não tem resposta imediata para a reivindicação.
Essa reivindicação com certeza será reforçada na negociação da renovação do ACT 2022.
A Federação LiVRE reivindicou que a CLARO informe e envie a lista das empresas terceirizadas.
Segundo o presidente da Federação LiVRE, Luis Antonio Silva, são as empresas terceirizadas do Grupo que mais trazem problemas e pejuízos para os trabalhadores. “Registramos um aumento insustentável de demandas levadas aos sindicatos pelos/as trabalhadores/as. Desde a falta de pagamento, férias e valores menores de VA e VR a até atraso em pagamento do salário mensal”. disse.
A empresa reconheceu a dificuldade de controle interno dessas empresas e o prejuízo que as ações judiciais causam a ela propria.
A LiVRE ressaltou a necessidade de a empresa considerar, como básico, a indicação do SINTTEL como sindicato representante, bem como obrigá-las a seguir o Acordo ou Convenção Coletiva vigente.
A CLARO disse que está em formatação uma nova política interna, com partição da área de Recursos Humanos, para o processo de contratação de novas empresas.
A LiVRE denunciou o enorme número de empresas que deixam os contratos – ou por falência ou simplesmente desaparecem – e os trabalhadores sem salários e direitos rescisórios.
É uma grita geral em todos os estados porque a CLARO continua sem cumprir o negociado e não realiza as homologações nos sindicatos. Seja de forma presencial ou virtual.
A proposta da empresa é a formação de um Grupo de Trabalho para formatar uma política mais eficiente para que o processo se torne rotina. A LiVRE acatou a proposta e acompanhará a implantação do GT e divulgará o andamento do processo.
A LiVRE deverá aprovar, em sua Diretoria Executiva, a pré-pauta de reivindicações e um calendário para antecipar as negociações com as operadoras, entre elas, a CLARO.
A Comissão de Negociação da Federação Livre na CLARO é formada pelo coordenador João Cezar (Sinttel-CE), Gilberto Pirajá (Sinttel-RN), Gilberto Oliveira (Sinttel-PE) Amaral (Sinttel-AM) e Dimas (Sinttel-Rio), Luis Antônio (presidente da Federação Livre e Sinttel-Rio).
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