A comissão de negociação dos trabalhadores/Fenattel no Grupo Claro rejeitou com indignação a proposta que a empresa fez na reunião que aconteceu durante a manhã desta terça-feira, dia 04/10, em São Paulo. Os motivos são muitos. Dentre eles, o congelamento do auxílio-alimentação (tíquete), NÃO antecipação do PPR e reajuste de 3% nos salários e benefícios, quando a inflação do período foi de 9,62%.
O coordenador da negociação, presidente do SinttelRio e vice-presidente da Fenattel, Luiz Antônio Silva, disse que vai pedir uma reunião com a presidência do Grupo para saber o que a empresa quer, pois a proposta não atende aos anseios dos trabalhadores. “É preciso que a empresa se comprometa em analisar os pleitos dos trabalhadores para que haja reposição das perdas salariais, além de ganho real, conforme postulado na pauta de reivindicações. Além disso, disse Luiz, a categoria vem cobrando uma proposta de PPR que contemple a antecipação de um salário, sem qualquer tipo de precarização”, frisou.
Esta é a primeira reunião de negociação com a empresa, que começa com um atraso de mais de 60 dias, pois a data base é setembro. “A estratégia da Operadora só acumula prejuízos para os empregados, que estão há 13 meses vendo a inflação corroer sua renda, sem reposição”, disse o presidente do Sinttel-ES, Nilson Hoffmann.
Neste ano, a negociação com o Grupo Claro será feita somente sobre as cláusulas econômicas do Acordo que tem validade até 2017. Então, só farão parte das discussões cláusulas de reajustes e aumento real nos salários, auxílios-creche, alimentação, entre outros, e benefícios sociais.
Luiz Antônio analisa que as negociações estão muito endurecidas, haja vista os bancários que estão há quase um mês de greve. As empresas não querem pagar nem o INPC integral (o índice de inflação). “A reunião de ontem foi muito ruim, pois se continuar nesse patamar de não dar nada, é melhor os sindicatos irem a dissídio coletivo, porque não vamos assinar um acordo se não tem uma troca, se não tem compensação”, afirmou Luiz.
Para a comissão de negociação dos trabalhadores/Fenattel sem uma compensação não dá. “Se o Grupo Claro não quer repor integralmente as perdas e sem ganho real diante da conjuntura política-econômica, que proponha uma forma de compensar os trabalhadores. Espaço para negociação tem”, destacou o coordenador.
Os representantes da empresa na mesa de negociação do Acordo Coletivo e de PPR 2016/2017, Fabiano Guimarães e Claudinê da Silva Junior, vieram com a mesma proposta de Participação nos Resultados já apresentada na reunião que ocorreu em 29 de julho — há mais de 60 dias — e que foi rejeitada pela comissão dos trabalhadores. “Um abuso, pois tem 3 pontos na proposta da empresa que não tem nenhuma condição de serem aceitos: 1) Elegiblidade de 180 dias; 2) gatilho para ter direito ao prêmio e 3) Não ter adiantamento de um salário, como sempre se fez”, explicou Luiz Antônio.
Elegibilidade: Pela proposta da empresa, só receberão o PPR aqueles que trabalharem no mínimo 180 dias no ano. É bom lembrar que, em 2015 para que o acordo se tornasse viável, os trabalhadores tiveram que ceder, pois no caso da Embratel e Claro, para receberem, os trabalhadores teriam que ter trabalhado no mínimo 120 dias no ano, quando era 90 e 30, respectivamente.
Ao contrário de melhorar para os companheiros da NET que esse ano entram no PPR, diminuindo a elegibilidade deles, a empresa está piorando a dos demais.
2) eliminação do adiantamento do PPR que normalmente era feito em setembro.
Os empregados já contam com este dinheiro do adiantamento. Não antecipar uma parcela do PPR é quebrar um compromisso de muitos anos. É tratar os/as trabalhadores/as sem a mínima consideração, dando provas de que, para o Grupo Claro, os/as empregados/as são apenas números que eles subtraem quando querem o que é bom para o/a trabalhador/a: — Primeiro o meu lucro. Segundo, meu lucro e depois penso nos detalhes.
3) implantação de um gatilho – Você pode se esforçar ao máximo mas se não chegar no valor do gatilho, NÃO RECBERÁ NADA.
Até parece que para as definições de investimentos, orçamentos, empenhos e projetos, os/as trabalhadores/as são consultados/as!
Se algo der errado, se a definição foi equivocada, se o mercado não foi devidamente analisado antes daquele investimento, O/A TRABALHADOR/A PAGARÁ O PATO E NADA RECEBERÁ DE PPR.
Um gatilho que exige 80% de uma meta inatingível é um engodo, uma enganação. É ou não é uma proposta para não se pagar nada?
Durante as negociações e já com o primeiro semestre de 2016 fechado, foi solicitado que a empresa simulasse a aplicação do Programa proposto nesta parte do ano. O resultado não foi surpresa para ninguém. Como já se sabia, em nenhuma das unidades de negócio do grupo CLARO, incluindo a NET, haveria pagamento de PPR/2016.