Como na Pandemia
Do mesmo jeito que politizou o combate à pandemia do novo coronavírus desde o início, dizendo que era uma mera gripezinha e que não era necessário fazer isolamento social, como vinham decretando governadores e prefeitos em todo o Brasil, Jair Bolsonaro (ex-PSL) agora trabalha contra a vacina para prevenir à Covid-19.
Nesta segunda-feira (19), Bolsonaro afirmou a apoiadores que a vacinação contra a doença não será obrigatória no Brasil, indo na contramão, mais uma vez, do que diz os especialistas da área da saúde, e até de uma lei aprovada em fevereiro deste ano, sancionada pelo próprio presidente, que prevê a possibilidade de realização compulsória de vacinação em massa da população.
“O meu ministro da Saúde já disse claramente que não será obrigatória esta vacina e ponto final”, disse Bolsonaro a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, se referindo a Eduardo Pazuello, que por sua vez, não quer usar a vacina da China, que está na fase final de testes em parceira com o Instituto Butantã, de São Paulo, estado governado por João Doria (PSDB), ex-aliado de Bolsonaro nas eleições de 2018.
A declaração de Bolsonaro vem logo após as afirmações de Doria, que disse que a vacinação contra o novo coronavírus em São Paulo será obrigatória, exceto para pessoas que apresentem alguma restrição avalizada por um médico.
Doria disse que não haverá politização em relação à vacina e que espera a mesma postura por parte do presidente, que foi criticado mais uma vez pelo governador por sua ação durante a pandemia.
A briga de Bolsonaro e Doria acontece no momento em que a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, afirmou que não terá vacina contra Covid-19 neste ano, como havia prometido o governador. Ela explicou que, apesar dos laboratórios estarem evoluindo bem, é preciso ter um controle rigoroso antes da liberação.
“Não acredito que tenhamos nenhuma vacina possível e passível de ser aplicada nas pessoas ainda no correr do ano de 2020”, disse em entrevista à Globo News neste domingo (18).
O Ministério da Saúde tem parceria com a vacina britânica AstraZeneca, que é desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca, sendo uma das mais promissoras no mundo. No Brasil, a tecnologia será desenvolvida pela Fiocruz, fundação do Ministério da Saúde. Assim como o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Bolsonaro politiza a vacina chinesa CoronaVac, que tem parceria com o governo paulista.
Nesta segunda-feira (19), por volta das 12h48, o governador João Doria apresentou os resultados dos testes da vacina chinesa. Segundo o governador, essa é a vacina mais promissora no Brasil. Doria se mostrou otimista sobre a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac.
Ainda de acordo com ele, se a vacina se mostrar eficaz, a distribuição começará em 15 de dezembro, com prioridade para profissionais de saúde. Na sequência, serão vacinados professores e portadores de doenças crônicas que podem agravar a infecção pelo coronavírus.
A Sinovac prevê a entrega de 60 milhões de doses da CoronaVac até fevereiro de 2021, entre as entregues já prontas e as envasadas no Instituto Butantan, que assumirá a tecnologia de produção que permitirá a produção local para distribuição no Brasil.
Bolsonaro colocou em dúvida a qualidade da vacina CoronaCac. “Tem que ter comprovação cientifica, né? ”.
Vacina Russa
Outra vacina que também está em fase de testes em coparcerias entre governos estaduais no Brasil é a “Sputnik V”, da Rússia. Nesta segunda, o CEO do Fundo Soberano da Federação da Rússia, Kirill Dmitriev, disse que a Rússia já começou a fazer a transferência de tecnologia para o laboratório União Química produzir no Brasil uma vacina russa contra a Covid-19.
A primeira entrega de vacinas para a América Latina ocorrerá em dezembro, segundo o executivo. Em janeiro de 2021, a entrega deve ser muito maior e mais rápida.
O governo russo fez acordos com a Bahia e o Paraná. Com a Bahia, o Fundo Soberano fez acordo para fornecer até 50 milhões de doses da primeira vacina registrada contra vírus.