A greve geral realizada pelas centrais sindicais e movimentos sociais capixabas, na sexta-feira dia 28 de abril, parou a Grande Vitória, cumprindo seu objetivo que foi paralisar as atividades em todos os setores. Porém, toda a população que ficou em casa, não viu isso pelas TVs, rádios e jornais diários da capital.
Todos os veículos da mídia tradicional golpista “se divorciaram da realidade (…) tinham uma cartilha definida: proibido usar a expressão greve geral; obrigatório mostrar imagens de pequenos grupos de manifestantes nas ruas vazias (pra dar a ideia de “manifestação de poucos”); valorizar cenas de confrontos/brigas, acrescidas da informação de que a greve foi organizada “pelos sindicatos” (ia ser organizada por quem? pelo Silvio Santos?); e destacar sempre o drama dos trabalhadores “prejudicados” pela greve”, como escreveu o jornalista Rodrigo Vianna, em seu blog o Escrevinhador.
No Bom Dia ES, a Greve Geral era chamada de protestos. Apesar dos piquetes que fecharam as pontes e as principais vias de entrada à capital, deixando a grande Vitória deserta, os repórteres se esforçaram para mostrar “ao vivo” os pequenos conflitos em locais onde haviam poucos manifestantes. Foi assim nas falas da repórter que percorreu os terminais vazios, em ruas desertas do lado de Cariacica, dizendo que muita gente estava sendo prejudicada com a paralisação, entretanto, quando conseguia entrevistar um pedestre ouvia o seu apoio ao movimento contrário às reformas trabalhista, previdenciária e a Lei de Terceirização.
Do lado Norte, em Carapina, estava outra repórter, que de longe descrevia a manifestação. Ela também entrevistou um motociclista que conseguira passar pelo “bloqueio”. Ouviu dele o seu apoio à greve.
Ao tentar se aproximar dos manifestantes, a repórter foi rodeada por estudantes que cantaram: “A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a Ditadura”. Ela reclamou que o “pessoal não a deixava trabalhar e não respeitava o direito de ir e vir”. Já o apresentador, repetia que os protestos desrespeitavam uma ordem judicial e que os rodoviários deveriam circular com 50% da frota de ônibus do transporte público, o que não aconteceu. Também disse que as escolas teriam aulas normais. Como, cara-pálida, se não havia ônibus?
A manchete de Vandalismo, confusão e revolta na Grande Vitória é um escracho à inteligência de qualquer capixaba (foto). Mas o que esperar de um jornal que não falou sobre a propina de R$ 1 milhão que o Baianinho (alcunha do governador Paulo Hartung, na planilha da Odebrecht) recebeu de caixa 2 da construtora em 2010? O que esse jornaleco falaria da Greve Geral? Tudo, menos a verdade.
Não houve vandalismo. O que houve foi a agressão do BME (policiais militares, preparados para a guerra) que partiram para cima dos manifestantes que estavam em frente ao Palácio Anchieta, no Centro da Capital, na Rodoviária e em Carapina, na Serra.
Os trabalhadores foram alvejados com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio. (Veja na galeria de fotos ao final da matéria)
A PM covardemente atacou os cidadãos que carregavam bandeiras, a mando de PH. Os policiais do BME fizeram com os trabalhadores o que não fizeram com as esposas, parentes e amigos da PM nos 12 dias em que enclausuraram toda a população do ES numa inequívoca Greve Geral. Por que não sobem os morros e acabam com o tráfico de drogas, a violência? Diferença de tratamento? Não. Corporativismo, tinham que mostrar serviço ao imperador.
“CIDADE TRAVADA E CONFRONTO. Protesto contra reformas deixa trânsito parado, empresas fechadas e milhares de alunos sem aula na Grande Vitória. Os ônibus não circularam. Revoltados, motoristas e ciclistas entraram em conflito com manifestantes”. Essa foi a manchete principal (foto).
Seguindo a cartilha, o monstro midiático da mentira em A Gazeta imperou. O jornalista Rodrigo Vianna definiu bem o que é Greve Geral: “Greve não é comício! Objetivo de greve não é encher as ruas, mas esvaziar locais de trabalho, e barrar a produção. As cenas de um Brasil quase vazio, em plena sexta-feira, indicavam a vitória total da maior greve dos últimos 30 anos”.
“O sistema golpista – baseado num componente policialesco, que vende a imagem do combate à corrupção, mas tem como objetivo eliminar direitos sociais e trabalhistas – não se sustenta sem uma imprensa mentirosa e, literalmente, vendida”, escreveu Rodrigo Vianna.
As centrais sindicais capixabas garantem que os conflitos apontados pelos jornais e as TVs foram mínimos diante da grandiosidade do movimento que parou a Grande Vitória e várias cidades, como Colatina, Linhares e São Mateus, contra o governo de Mishell Fora Temer e a turma de golpistas e corruptos do Congresso Nacional. Os ataques à retirada de direitos da classe trabalhadora e o fim da aposentadoria serão combatidos. As centrais sindicais já preparam uma nova greve geral para o final de maio/ início de junho, por tempo indeterminado contra tais reformas e a tentativa de ampliar o mandato do golpista e ilegítimo Temer para 2020.
Enfim, “milhões de brasileiros seguem acreditando que o que passa no noticiário televisivo/radiofônico vem de um lugar neutro, longe da sujeira da “politica”. Essa legitimidade a Globo e suas sócias menores seguem a carregar. Num dia como esse histórico 28 de abril, nós aqui vamos resistir e mostrar que a narrativa de uma greve de poucos é mentira grosseira. Certamente, o campo que se informa a partir dessa área terá argumentos e informação para sustentar essa narrativa”, escreveu Vianna.
Depois dos piquetes que bloquearam na 3ª Ponte, a partir das 5 horas da manhã, tanto nas cabines do pedágio em Vitória, como do lado de Vila Velha; a BR 262 na altura da Real Café, na ponte sobre o Rio Formate, que limita os municípios de Viana e Cariacica; na Rodoviária de Vitória, fechando a 2ª ponte; em Carapina, próximo ao Terminal do Transcol, que fechou o lado norte; em Jardim Camburi, bloqueando as avenidas Norte Sul e Dante Michelini, e no Centro, em frente ao Palácio Anchieta, a cidade parou durante toda a manhã.
A polícia militar com seus carros de combate, balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás atacou os manifestantes pacíficos no centro de Vitória e em Carapina.
Após a violenta intervenção da PM, os trabalhadores caminharam de todos os pontos de bloqueio até a Federação das Industrias do ES (Findes). Os grevistas que partiram da Rodoviária e do Centro, encontraram-se com outros que vieram de Vila Velha, Jardim Camburi e Carapina. Daí seguiram em uma grande passeata por toda a avenida Reta da Penha, onde foi realizado um ato público durante a parte da tarde, logo depois da chegada de companheiros que vieram de Viana. O movimento contou com a participação de trabalhadores rurais que vieram de várias localidades do interior do ES.
Sob o tema ” Nenhum Direito a Menos”, A Central Única dos Trabalhadores-CUT, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do ES -Fetaes e a Central dos Trabalhadores do Brasil -CTB reuniram trabalhadores do campo e da cidade em uma grande manifestação que começou na Praça 8, a praça do relógio no Centro de Vitória, palco de várias lutas como o Fora Collor e Diretas Já, para celebrar o Dia dos/as Trabalhadores/as. A concentração foi partir das 8 horas e manifestantes iam chegando e apresentando suas armas: bandeiras e faixas de protesto colocadas pelo chão da praça.
Às 10 horas teve início à tradicional passeata com discursos e palavras de ordem como Fora Temer e Nenhum Direito a Menos, repetidos pelos manifestantes. Foi assim pela Avenida Jerônimo Monteiro, em frente ao Palácio Anchieta, onde teve uma parada para denunciar os desmandos do governador Paulo Hartung, a privatização da Cesan e a propina de 1 milhão de reais que ele recebeu da Odebrecht, em 2010.
Os manifestantes seguiram pelo Parque Moscoso e a Vila Rubim, bairros antigos do Centro da Capital, sempre convocando os moradores a participar dos protestos contras as reformas absurdas do ilegítimo Mishell Fora Temer, que retira direitos e garantias conquistadas com muita luta pela classe trabalhadora.
Por volta do meio dia, a passeata chegou ao Parque Tancredão, onde havia uma grande tenda, com exposição de Fotografias, vários brinquedos e atividades para as crianças e a feira da Economia Solidária com seus estandes de vendas e comercialização de produtos orgânicos, produzidos pelos trabalhadores rurais.
Falas políticas e atos de protesto se integraram às atrações de shows com a Comitiva Forrozeira, Bateria da Escola de Samba Novo Império e Bloco Bleque.