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Queda foi de 18 mil Mega Watts

Com Temer, Brasil tem o maior apagão da história

24/03/2018 - 21h23 - Sinttel-ES - Tânia Trento | Jornalista | Reg. Prof. 0400/ES
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Mais de 70 milhões de pessoas foram atingidas em todo o país. Para eletricitários, o Brasil precisa rever o modelo de expansão do setor feito a partir das privatizações

 ROBERTO PARIZOTTI/CUT
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O maior apagão da história do Brasil, que ocorreu após uma falha na Subestação Xingu, no Pará, que distribui parte da energia produzida na Usina de Belo Monte, e atingiu parcialmente, nesta quarta-feira (21), 14 estados brasileiros, é uma das consequências da política de privatizações do governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP).

“É preciso criar uma comissão independente no Congresso Nacional, para apurar o apagão e todos os demais problemas no âmbito do processo de privatização”, defende Ícaro Chaves, engenheiro da Eletronorte e dirigente do Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF).

Segundo ele, a Eletrobras tem um nível de responsabilidade muito grande. Já as empresas privadas visam apenas o lucro e, para isso, reduzem a qualidade de equipamentos, não contratam mão de obra especializada, qualificada e exploram os trabalhadores.

É preciso revisar esse modelo de expansão do setor feito a partir da iniciativa privada

– Ícaro Chaves

O engenheiro defende incluir na discussão da privatização a insegurança no sistema elétrico brasileiro.

Esse apagão mostrou como esse modelo funciona na prática.

– ícaro Chaves

O apagão desta quarta foi o maior em termos de carga, disse o engenheiro Ícaro. Segundo ele, a queda foi de 18 mil Mega Watts de energia, o equivalente a 24% de toda carga elétrica brasileira. Equivale também a capacidade de produção da maior hidroelétrica do mundo, a ‘Três Gargantas’, que fica na China.

Em número de pessoas atingidas foi o segundo maior apagão, perde apenas para o do ano 2002, na crise de energia do governo Fernando Henrique Cardoso. Nesta quarta, cerca de 70 milhões de pessoas de todas as Regiões do país ficaram parcialmente às escuras por causa de um problema técnico ocorrido no Sistema Interligado Nacional (SIN). Em 2002, foram 76 milhões de pessoas sem luz e o Brasil viveu o maior racionamento energético da história do país.

Já o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), que representa 22 mil trabalhadores e trabalhadoras do sistema Eletrobras, disse em nota que “toda essa situação [o apagão] demonstra que privatizar um setor estratégico, como o setor energético e deixar a vida da população, a economia, a indústria sujeitas aos interesses privados, que visam o lucro em detrimento do bem público, é a pior das escolhas para o nosso país”.

A nota segue repudiando as insinuações dos que tentaram jogar a responsabilidade pelo apagão no sistema Eletrobras: “a empresa estatal Eletrobras Eletronorte não teve qualquer responsabilidade com o apagão”, dizem os eletricitários.

Segundo eles, as privatizações são responsáveis pela qualidade do serviço prestado no Brasil.

Na nota, o coletivo critica as inúmeras propostas de privatização da Eletrobras que chegaram ao Congresso, tanto o PL 9463/2018, como a MP 814/2017, que tratam o bem público “Energia Elétrica”,  como mercadoria, e isso vem sendo denunciado pelos trabalhadores em campanhas publicitárias, nos debates, nas mobilizações que têm feito em todos os cantos do país.

O CNE pede ainda em sua nota que se leve em consideração os interesses decorrentes do envolvimento e as responsabilidades de diversos agentes privados e estatais de geração, transmissão e distribuição, dentre os quais, principalmente, a gigantesca chinesa State Grid, responsável pela usina de Belo Monte.

A categoria finaliza a nota dizendo que “energia elétrica não pode ser vista somente como mercadoria, e a Eletrobras não deve servir como um mero ativo a ser vendido, para fechar o rombo fiscal criado pelo próprio governo, e que agora começa a mostrar o quanto nos está deixando vulneráveis”.

Outras reivindicações dos eletricitários

– que se avalie a atuação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONSE), nos seus estudos sistêmicos, na operação e programação de testes de manutenções do sistema;

– que respondam pela atual vulnerabilidade do SIN, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), envolvidas no planejamento da expansão da usinas de geração e linhas de transmissão;

– que se regule a fiscalização das obras, justamente pela não construção de 5 mil km de linhas de transmissão, sob responsabilidade da empresa privada espanhola Abengoa;

– que a Aneel imponha pesadas multas ao grupo chinês State Grid, da mesma forma como impõe às empresas nacionais, quando acontecem eventos dessa natureza;

O apagão de 21 de Março de 2018

Segundo os funcionários do setor elétrico, a falha dessa quarta-feira (21), ocorreu nos equipamentos que tiveram projeto, fornecimento, montagem, testes e colocação em operação pelos chineses da State Grid.

O problema ocorreu na Subestação Xingu, na saída da Linha de Transmissão de Corrente Contínua, da empresa Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), que é uma concessionária do Grupo chinês, justamente o que quer comprar a Eletrobras.

Relembre: o maior apagão do país na era FHC

O maior apagão do país ocorreu em janeiro de 2002, penúltimo mês do racionamento energético do governo Fernando Henrique Cardoso.

Cerca de 76 milhões de pessoas ficaram às escuras em dez estados, após um parafuso frouxo na linha de transmissão perto da hidrelétrica de Ilha Solteira (SP) provocar o rompimento de energia.

Racionamento de energia no governo FHC

Os primeiros ” apagões”, ocorreram nos anos de 2001 e 2002, resultados da combinação da falta de investimentos na geração e na transmissão de energia elétrica com uma estiagem prolongada, que reduziu drasticamente os níveis dos principais reservatórios de água no país.

Assim, o governo Fernando Henrique Cardoso iniciou no dia 16 de maio de 2001, o maior racionamento da história do país, encerrado no dia 28 de fevereiro do ano seguinte.

Com a produção de energia  insuficiente para atender o consumo industrial e residencial, o governo FHC obrigou famílias e empresas a reduzir o uso de energia.

Foi proibido o uso de energia em outdoors, monumentos e chafarizes. Também foram suspensos eventos esportivos a partir das 18h. O governo proibiu ainda o fornecimento de energia a espetáculos culturais eventuais, como shows e exposições, e a circos e parques de diversão itinerantes em locais abertos à noite.

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