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Governo não tem 308 votos

Maia pode engavetar texto da reforma da Previdência

06/02/2018 - 10h10 - Sinttel-ES - Tânia Trento | Jornalista | Reg. Prof. 0400/ES
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Governo precisa de 308 votos, mas garantidos são 250. Além disso, em almoço com líderes do Congresso, presidente da Câmara deu “nova Previdência” como morta e prepara pautas de maior apelo popular de olho nas eleições

Jornal GGN – O governo Temer está longe de conseguir os votos para a reforma da Previdência, e isso fica evidente em declarações recentes do emedebista dizendo “ter feito sua parte” para que a reforma avançasse no Congresso. Para conseguir passar o pacote, são necessários 308 votos dos 513 deputados na Câmara, em duas votações. Para, em seguida, ser submetido ao Senado. Mas, segundo cálculos do próprio governo os votos seguros são de 250 parlamentares.

Ao mesmo tempo, a afirmação de Temer de “ter feito sua parte” teria incomodado o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segundo a Folha de S.Paulo, que poderá não agendar a nova data de apreciação da proposta para o dia 20 de fevereiro. A regra do parlamentar agora, seria: quanto mais Temer e sua equipe transferir para a Câmara a culpa por não conseguir passar a Previdência, mais irá contribuir para naufragar de vez a reforma, pelo menos em 2018. O plano do deputado, completa o jornal, é dizer que o texto ficará como “legado” para ser votado em 2019.

Já, segundo o Painel da Folha, a “nova Previdência” foi dada como morta em um almoço realizado na semana passada entre Maia e os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e no Congresso, André Moura (PSC-SE).

Eleições

O que mais pode estar influenciando a mudança de planos de aprovar a Previdência, ainda neste mês, é a data das campanhas políticas, cada vez mais próxima. O fator de ano eleitoral, aliás, tem causado resistência de deputados com medo perder votos por apoiar mudanças no sistema previdenciário.

Assim, como a derrota da Previdência já está sendo prevista por político, empresário e investidores, o Congresso deverá se debruçar ainda mais sobre pautas como a reoneração da folha de pagamento e a privatização da Eletrobras para responder aos reclamos do mercado. Ao mesmo tempo, Rodrigo Maia, de olho em uma possível candidatura, está procurando colocar em debate na Casa temas com mais apelo popular, como segurança pública e saúde. A reforma tributária, que também estaria em vistas, foi praticamente descartada pelo parlamentar, segundo o Congresso em Foco.

Recentemente, Maia declarou que a Casa irá focar no que chamou de reforma do Estado e criação de segurança jurídica e em legislações na área social, completando que os deputados precisam votar temas mais próximos à sociedade, especialmente na segurança pública, que “deixou de ser um problema carioca ou paulista, passou a ser um tema nacional”.

Segundo última pesquisa do Datafolha, Maia tem apenas 1% das intenções de voto, mas acredita que as medidas de apelo social vão ajudar a impulsionar a sua candidatura. Outra estratégia, apontada pela Folha, será culpar o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles pelo fracasso da reforma da Previdência. Mas, se Meirelles concorrer nessas eleições, não precisará de muita ajuda para cair. Seu nome, invariavelmente, está atrelado ao do presidente Temer e o levantamento mais recente do Datafolha mostra que 87% das pessoas não votariam em alguém indicado pelo emedebista.

LILIAN MILENA

SEG, 05/02/2018 – 10:26
ATUALIZADO EM 05/02/2018 – 11:28

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