Negociação salarial e PPR
VIVO entra de sola contra seus trabalhadores na primeira reunião
11/07/2022 -
12h51 - Sinttel-ES -
Tânia Trento | Jornalista | Reg. Prof. 0400/ES
Os objetivos da maior operadora no país é minimizar os custos com pessoal. E para isso, propõe, de cara, parcelar reajuste salarial com INPC inferior a 10%, por faixa e segmento; reajustar benefícios só em 2023; aumentar a coparticipação no plano de saúde, não adiantar 13º e muitas outras maldades. Os sindicatos rejeitaram na hora, pois nem chega a ser proposta de discussão, só retira direitos.
A categoria tem data-base em 1º de setembro e a Federação LiVRE, da qual o Sinttel-ES é filiado, reivindica neste ano, uma pauta enxuta: reajuste de salários e benefícios pelo INPC integral de 1º de set/21 a 31 de agosto/22, adiantamento do Programa de Participação dos Resultados (PPR/2022) e manutenção das demais cláusulas do acordo coletivo. As conversas continuam nesta terça-feira (12).
E foi na primeira telerreunião de negociação do Acordo Coletivo e PPR entre a Vivo e a Comissão de Trabalhadores da Federação Livre, no dia 5/07, que a operadora demonstrou nenhuma sensibilidade diante da crise de carestia, inflação alta, pobreza e fome no país. Ao contrário. Veio com tudo contra seus trabalhadores para arrochar salários e benefícios.
Objetivos da empresa para renovar o acordo coletivo. Veja o que significa cada um deles:
- Impacto no custo de pessoal: minimizar no exercício 2022
Após reduzir o custo do trabalho com a implantação do home office, transferindo para o trabalhador o que ela gastava no local de trabalho a empresa ainda quer reduzir salários e benefícios (custo com pessoal)
- Reajuste salarial: parcelado, por faixa ou por segmento. Não está previsto no orçamento inflação de dois dígitos
A Telefónica/Vivo não quer dar reajuste pelo INPC integral. A inflação medida pelo INPC do IBGE, de maio/21 a junho/22, divulgada dia 07/07, foi de 11,92%. Há 10 meses a inflação no Brasil está acima de 10% e a operadora disse que não previu no seu orçamento reajuste com 2 dígitos. Ela também disse aos sindicatos que quer voltar a dar reajuste por faixa salarial ou por segmento. Isso já foi abolido dos acordos coletivos negociados pelos sindicatos da Federação LiVRE.
- VR/VA, auxílios e demais benefícios: correção em 2023
A Telefónica/Vivo quer negociar, mas não reajustar os valores dos auxílios alimentação VA VR, ajuda de custo para teletrabalho, creche/babá/pré-escolar, dependente portador de necessidades especiais, etc.
- Cesta básica: discussão de formas e percentual de incorporação com encargos legais (equipe de campo)
O pessoal de campo recebe uma cesta básica como um auxílio alimentação. A ideia da Vivo é incorporar a cesta aos salários. Mas não é incorporar o valor pago atualmente. A empresa quer reduzir esse valor sob o argumento de que incorporando ao salário, aumentará seu encargos sociais. Então seu objetivo é reduzir o valor para incorporá-lo ao salário. A empresa ainda não apresentou uma proposta de como quer fazer isso. Por um lado seria bom, pois incorporando ao salário, refletiria também no valor da aposentadoria e do FGTS. Por outro lado, se a proposta reduzir muito o valor, não valerá a pena, pois a CESTA é renda direta ao trabalhador, que está na base da pirâmide salarial da empresa, ganhando menores salários.
- Complemento do VR/VA: equalizar os percentuais e períodos para os afastamentos (auxílio-doença e acidentário) em todos os segmentos – regra única.
Hoje há diferenças entre os valores e o tempo de fornecimento do auxílio-alimentação aos/às empregado/as afastados pelo INSS. A Vivo quer unificar a regra, mas não pelo maior valor e maior tempo de fornecimento. O objetivo da operadora é nivelar por baixo.
- 13º salário: adiantamento conforme legislação
Nos últimos acordos coletivos, a empresa adiantava metade do 13º salário, no início do ano, em fevereiro. Agora, ela quer aplicar a legislação: metade em 30 de novembro e a outra metade no dia 20 de dezembro.
- Plano médico: discussão sobre coparticipação e renovação do aditivo da Lei 9.656/98.
Já tem dois anos que Vivo vem tentando aumentar a coparticipação dos/as trabalhadores/as no plano de saúde. Agora, vem de novo com essa conversa
- Locação de veículo: discutir o modelo atual
Há dois anos, a Vivo tentou extinguir o veículo agregado. Na época, em plena pandemia, a Comissão de Negociação da Federação LiVRE conseguiu adiar a discussão e congelar os valores pagos pelo aluguel do carro agregado de técnicos, supervisores e outros trabalhadores até 2022.
- Homologação: discutir modelos (presencial ou virtual)
A (de)Forma Trabalhista de nov 2017 extinguiu as homologações de contratos nos sindicatos. Em 2020, a Vivo não queria mais fazer a homologação nos sindicatos. A empresa queria afastar o Sindicato dos trabalhadores. Os sindicatos deixariam de prestar assistência aos trabalhadores na hora da demissão, que é quando mais precisam de proteção e atenção da entidade.
Na negociação coletiva de 2020, os sindicatos negociaram esse direito para os/as trabalhadores/as. As homologações foram mantidas nos sindicatos: Nas regiões metropolitanas, deve ser feita presencial. Nas cidades do interior dos estados é facultativo. Ou seja, pode ser virtual ou presencial. É o trabalhador quem decide.
- Teletrabalho: manutenção das atuais condições dos Acordos vigentes com os sindicatos e sem reajuste.
Reajuste zero para a ajuda de custo ao home office. O custo do trabalho, antes da empresa, agora cai nas costas dos co-la-bo-ra-do-res. Luz com reajuste de 62%, internet, agua, limpeza, mobiliário, equipamentos, inflação de 12%. É o co-la-bo-ra-dor colaborando com a redução de custo da empresa, diretamente.
- Custeio sindical: conforme aprovação em assembleia dos empregados
Como nos anos anteriores a Operadora — espertamente e dizendo que é exigência da contabilidade — estabelece um contribuição sindical. Ela dá um valor ao/à trabalhador/a para que estes deem aos Sindicatos, como forma de manter o funcionamento das entidades, pois não há mais contribuição sindical anual (imposto sindical), extinto na (de)forma trabalhista de 2017, pelo governo de Michel Temer. E mesmo esse valor sendo aprovado em assembleia, on line, participativa, ainda assim, é permitido que o trabalhador se oponha que os sindicatos recebam.
- Manutenção das demais condições, exceto cláusula de manutenção dos postos de trabalho e ajustes de outras devido às alterações de Leis e/ou Portarias.
No acordo coletivo de 2020/2022, Os sindicatos da Federação LiVRE garantiram que a empresa manteria os postos de trabalho. Esse ano a empresa já não demonstra mais vontade em garantir a empregabilidade, mesmo diante de uma taxa descomunal e absurda de desempregados.
Ou seja, a proposta de renovação de acordo coletivo na Vivo beira o escárnio, um repeteco mais aprimorado das conversas iniciais de 2020 . Nem pode ser encarada como proposta, principalmente, porque não oferece nada, mas, sim, retira conquistas do Acordo Coletivo.
PPR
Nas premissas da empresa, apresentadas à Comissão de Negoociação da Federação LiVRE, o Programa de Participação os Resultados (PPR/2022) tem Target e modelo iguais ao do ano de 2021. A discussão esse ano será sobre os indicadores.
A Comissão da LiVRE cobrou a data de antecipação do PPR/22 é que feito sempre no meio do ano. A Telefónica/Vivo disse que não tem como fazer o adiantamento antes de concluir as negociações de ambos os acordos. Ou seja, outra estratégia para imbutir na proposta de acordo o pagamento da antecipação e forçar a barra na assembleia pela aprovação de sua proposta. Um embuste!
Mobilize-se!
Informe-se através dos sites e redes sociais dos sindicatos. Reforce o time dos trabalhadores.
A Comissão da Federação Livre na Vivo é composta pela Coordenadora Vânia (SinttelRio), Reginaldo Biluca (Sinttel-ES) Anchieta (Sinttel-PE) e Stela (Sinttel-CE). Participaram da reunião, para acompanhar o processo, o presidente da Livre, Luís Antônio Silva (SinttelRio) e o secretário de Comunicação da Livre, Nilson Hoffmann (Sinttel-ES).