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Podia ter sido evitado

Técnico da Centel/Claro morre após sofrer descarga elétrica no ES

17/02/2022 - 21h25 - Sinttel-ES - Redação do Sinttel-ES
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Leonardo dos Santos Ângelo, 27 anos, morreu eletrocutado quando fazia manutenção da rede de fibra óptica da Operadora Claro, num poste de um estrada rural, no município de Venda Nova do Imigrante, região serrana do Espírito Santo.

 

Foto do local do acidente. Crédito: Corpo de Bombeiros

É com pesar que noticiamos a morte de mais um companheiro, e com REPÚDIO pela falta de segurança que vitimou técnico da empresa Centel Brasil, prestadora de serviços em rede para Claro Brasil, na manhã da terça-feira (15).

Ele sofreu uma descarga elétrica de alta tensão, quando fazia um reparo na rede de fibra óptica numa estrada rural, próximo a uma mata. Leonardo deixa esposa e um filho de 10 meses. O sepultamento aconteceu em Sooretama, município no norte do Estado, na quarta-feira (16).

Segundo matéria veiculada no Jornal A Gazeta, Leonardo estava sobre o poste, preso pelo cinto de segurança à cordoalha que segura o cabo de fibra óptica, a uma a altura de, aproximadamente, 5 metros, quando sofreu um choque da rede elétrica de alta tensão .

Segundo informações obtidas pelo Sinttel-ES, devido às fortes chuvas na região, uma árvore caiu sobre a rede elétrica e abaixou os fios.  Esse fato, pode ter sido o causador do acidente, pois Leonardo possivelmente encostou em um fio da eletricidade.

Seu colega de trabalho disse ter ouvido um grito. Correu em direção ao poste e avistou uma “bola de fogo”. Ele tentou salvar o colega, puxou escada em que Leonardo estava na intenção de livrá-lo dos fios. Mas parte do corpo de Leonardo ficou agarrada no poste pelo cinto de segurança, conforme noticiou o Jornal.

Uma equipe da concessionária de energia EDP Escelsa, que também estava próximo ao local do acidente, fazendo manutenção da rede, fez análise dos riscos.

A morte do trabalhador foi confirmada pela equipe médica do SAMU. Os Bombeiros e a Perícia da Polícia Civil estiveram no local. O corpo foi levado para o DML de Cachoeiro de Itapemirim, também no sul do Estado.

Mortes que podem ser evitadas

Há cinco anos, outro técnico, 19 anos, morreu eletrocutado no Estado. No 02/02/2017, uma descarga elétrica de alta tensão atingiu e matou o técnico de instalação de rede externa na Telemont/Oi, Odlanier Soares Perusse, casado e pai de uma bebe de três meses. O acidente de trabalho aconteceu quando o técnico fazia reparo na rede de telefonia em uma localidade rural chamada Sítio Itaúnas, em Jucú, Viana, há 25 km da capital, Vitória. Chovia na hora do acidente.

As mortes de Odlanier e Leonardo, podiam ter sido evitadas se não fosse a ganância das empresas, que exercem uma pressão sobre os trabalhadores, principalmente na quantidade de atendimentos que precisam cumprir durante a jornada. “Há uma pressa, uma urgência, que desconsidera a segurança, a analise do risco em cada local da rede e as condições de trabalho”, criticou o presidente do Sinttel, Nilson Hoffmann.

Silêncio

O Sinttel só foi ficou sabendo do acidente que vitimou fatalmente o técnico, no final da tarde do seu sepultamento. Seu colega de equipe, foi contatado pelo Sinttel, mas ele estava muito abalado e não quis falar. Disse que não tinha condições, pois além de amigo, Leonardo era seu parente e que estava arrasado para contar o que aconteceu.

Nesta quinta, o Sinttel apurou que, na segunda-feira à noite, por volta das 20 horas, a equipe de Leonardo foi atender a um chamado no interior de Venda Nova do Imigrante, região serrana do Estado. Chegando lá, estava chovendo e a manutenção foi suspensa. A equipe pernoitou num hotel e no dia seguinte, às 7 horas, seguiu novamente ao local.

O Sinttel não conseguiu saber se chovia na hora do acidente.

Hoffmann, entrou em contato com coordenador da Centel Brasil no ES, de nome Josimar que, pelo telefone, resumiu o acidente, considerando o fato uma “tragédia”. Ele disse que prestou toda a assistência ao funeral e está assistindo à família.

O Sindicato também falou com o diretor de relações trabalhistas da Claro, Fabiano Guimarães, informando do acidente e cobrando a atuação da Segurança do Trabalho junto à Centel, para saber o que ocorreu de fato e fiscalizar sua contratada quanto ao treinamento dos técnicos e as regras de segurança.

O presidente da Federação LiVRE de Trabalhadores em Telecom, Luis Antonio Silva, lamentou a morte do jovem trabalhador e afirmou que é preciso estabelecer, com as empresas terceirizadas de serviço em redes de Telecom, um protocolo de segurança. “A terceirização precariza as condições de trabalho e, principalmente, a segurança dos técnicos, que são extremamente cobrados no tempo gasto em cada serviço executado (SLA), fator preponderante para uma série de falhas na segurança”, disse.

A Centel do Brasil Telecom é uma empresa sediada em Vitória da Conquista, na Bahia. No Espírito Santo, está localizada na Grande Vitória no município da Serra.

O Sinttel tem uma ação de cumprimento de Convenção Coletiva contra a empresa na Justiça do Trabalho. A relação com a empresa é difícil, pois o dono fica na Bahia e não atende ao Sindicato.

 

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