A Revolução Russa de outubro de 1917 mudou a história da humanidade. Os acontecimentos que antecederam à queda do regime czarista foram registrados por Jonh Reed na obra “Dez dias que abalaram o mundo”. De hoje, 30 de agosto, quando o plenário do Senado decidirá o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, até o dia 8 de setembro – quando a assembleia de acionistas definirá os destinos da Oi, a maior operadora de telecomunicações do país -, também serão dez dias decisivos que poderão marcar profundamente e negativamente a história do Brasil.
Ao contrário daqueles dias gloriosos, passaremos, pelo que tudo indica, por situações vexaminosas. Em primeiro lugar, num “julgamento” de cartas marcadas em relação à presidenta Dilma. Em segundo lugar, na assembleia de acionistas da Oi, marcada para o dia 8 de setembro.
Sem nenhum crime de responsabilidade da presidenta, fato largamente atestado por vários juristas e pelo Ministério Público Federal, os senadores rasgam mais de 54 milhões de votos para viabilizar os interesses de uma elite reacionária que não aceita que um nordestino retirante governe o país. Não aceitam que uma mulher que foi presa e torturada por defender a democracia, conclua o seu mandato. E logo depois do golpe, continuarão vilipendiando a Constituição, agora retirando os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais consolidados no artigo 7º da Lei Maior. Será o fim do aumento real para o salário mínimo combinado com o aumento de idade para a aposentadoria.
A assembleia da Oi no dia 8 de setembro colocará no ringue grupos que não têm nenhum interesse em resgatar a empresa do buraco no qual foi colocada. Um grupo é produto de uma articulação do Fundo Société Mondiale (liderado pelo empresário Nelson Tanure, especialista em enxugar empresas e tirar o máximo para si, como fez com os jornais Gazeta Mercantil e o JB) e o fundo norte-americano, Pointstate Capital LP. Do outro lado, liderado pelo Grupo Pharol, estão os atuais administradores, responsáveis diretos pela dívida de mais de R$ 65 bilhões. E no que deveria ser o papel do juiz, a Anatel, sentada em uma cadeira dentro da arena, como se não tivesse nenhuma responsabilidade em relação ao processo.
Serão dez dias duríssimos que trarão consequências graves para o Brasil e para um setor estratégico como o das telecomunicações. Aos democratas restará absorvermos o espírito de luta dos bravos trabalhadores e trabalhadoras da Revolução de Outubro. Continuarmos resistindo para a construção de uma nação democrática, na qual os interesses e direitos sociais da maioria se sobreponham aos interesses mesquinhos de uma elite que, desde o “achamento” do Brasil em 1500, vive da exploração das nossas riquezas, da escravidão da massa trabalhadora, da subserviência aos interesses norte-americanos.
Podemos perder essas batalhas, mas, com luta, a democracia será reconstruída.
Instituto Telecom, Terça-feira, 30 de agosto de 2016