No dia 24 de agosto de 1954, sob intenso cerco da mídia (jornal O Globo à frente) que acusava seu governo de ser o mais corrupto da história, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração.
A verdade é que aos grandes capitalistas nacionais e internacionais não interessava um governante que havia criado a Petrobras – após enorme campanha popular intitulada o Petróleo é nosso -, e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Getúlio era atacado pelas suas qualidades, não por seus equívocos. A direita sabia muito bem o que queria.
Coincidência com o momento atual?
Esta semana, corajosamente, a presidenta Dilma irá ao Senado Federal. Não para se defender, mas para denunciar a trama armada para derrubá-la. Os critérios estabelecidos no Artigo 85 da Constituição brasileira deixam claro: não há crime de responsabilidade nos atos praticados por ela.
Dilma tem defeitos? Muitos. Mas não é por causa deles que querem afastá-la definitivamente da presidência da República. Como ocorreu com Getúlio há 62 anos, o que está em jogo é impedir o fortalecimento da soberania nacional, cortar direitos e garantias fundamentais da sociedade, retirar direitos sociais estabelecidos respectivamente nos artigos 5º e 7º da Constituição.
Em 1994 houve um tiro na Constituição quando, pela Emenda Constitucional nº 8, no governo FHC, foi viabilizada a privatização de um setor estratégico: o das telecomunicações. Resultado: péssimos serviços, demissão e terceirização em massa. Uma empresa, Oi, “presente” em 26 estados – o que configura quase o monopólio privado do setor-, com uma dívida de R$ 65 bilhões.
O Instituto Telecom não dissocia o futuro das telecomunicações do futuro econômico, político e social do país. Caso o golpe se estabeleça, de forma definitiva, pelas forças conservadoras, estarão colocadas as bases necessárias para acentuar o processo de entrega das riquezas nacionais, incluindo o pré-sal, a privatização, o corte de direitos dos trabalhadores e da sociedade.
Resistiremos.
O furo no pijama de Getúlio deve ser um símbolo para a luta de todos os democratas contra o golpe.
Instituto Telecom, Terça-feira, 23 de agosto de 2016