O sentimento de rejeição, manifestado durante as assembleias realizadas em Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Vitória, Linhares, São Mateus, Cariacica, Guarapari e Serra, se confirmou na contagem dos votos urna coletora . O resultado demonstra a insatisfação e a frustração dos/as empregados/as diante da proposta da empresa para o acordo coletivo 2015/2016.
Participaram das assembleias 524 empregados/as. Destes/as 222 votaram SIM e 297 votaram NÃO. Apenas 5 trabalhadores/as se absteram. A apuração dos votos aconteceu na manhã desta quinta-feira, 16, na última assembleia, no pátio da empresa em Jardim Limoeiro.
Piso Nacional da Convenção Coletiva
A rejeição da proposta tem vários motivos, mas o que mais deixou os/as trabalhadores/as insatisfeitos é o Piso Salarial oferecido pela empresa, que está muito aquém do que é praticado no setor de telecomunicação no Brasil todo, garantido pela Fenattel (Federação dos Trabalhadores em Telecom) na Convenção Coletiva Nacional assinada com o Sinstal, o Sindicato das empresas. A Telemont continua se negando a aderir essa Convenção Nacional (CCT) das Prestadoras de Serviços em Telecom. “Com essa postura inflexível, os resultados não poderiam ser outros”, disse o diretor do Sinttel-ES, Wilson Leão.
“Foram duas reuniões de negociação e, em nenhuma delas, a empresa quis resolver esse problema. É sempre o mesmo chororô. O Sinttel-ES tentou melhorar os valores do auxílio-alimentação com pagamento retroativo, PPR, aluguel de carro, mas a empresa disse NÃO e IGNOROU o restante da nossa pauta de reivindicações”, destacou o diretor do Sinttel-ES, Vanderlei da Vitória.
Na proposta da empresa, o reajuste oferecido foi de 8,34%. Auxílio-alimentação de R$ 18,00 (12,5% de reajuste) com 26 tíquetes mensais a partir de 1º de julho. A empresa propôs implantar o Auxílio-creche de R$ 120,00 para empregadas a partir do 5º mês até o 16º mês de vida dos filhos e criar o auxílio para filhos especiais com 6 tíquetes a mais no auxílio- alimentação. A empresa também ofereceu um abono de 5 tíquetes-alimentação no mês de dezembro (R$ 90,00), caso o acordo fosse aprovado. A proposta também reduzia o banco de horas de 6 para 4 meses. O restante das cláusulas financeiras seriam reajustadas em 8,34%.
O que querem os/as trabalhadores/as:
• REAJUSTE SALARIAL – 10%;
• AUXÍLIO – ALIMENTAÇÃO de R$20,00 (valor facial) com participação trabalhador em 5%; Manter o benefício integral nos casos de férias e qualquer
afastamento por doença até 90 dias inclusive atestados médicos e durante o afastamento por Licença-Maternidade;
• AUXÍLIO CRECHE de R$350,00 estendido para todos os empregados;
• CESTA BÁSICA de R$150,00 para todos;
• REAJUSTE LOCAÇÃO DE VEÍCULO de 10% e pagamento da locação integral nas férias, nos afastamentos de até 30 dias e quando do desligamento sem justa causa pela empresa;
• SEGURO DO VEÍCULO AGREGADO: a empresa deve arcar com 100 % do custo do seguro total do veículo;
• Programa de Participação de Resultados (PPR) de um SALÁRIO BASE;
• ASSISTÊNCIA MÉDICA – Participação do trabalhador de 20% no valor da mensalidade e na co-participação. Para os dependentes a empresa custeará 50% no valor da mensalidade e coparticipação na utilização do plano;
• Pagar os Pisos Salariais da CCT Nacional
Piso da categoria estabelecido……………………………………R$ 868,00
Piso para IRLA…………………………………………………………….R$ 1.116,00
Piso para LIGADOR………………………………………………………….R$ 1.116,00
Piso para atendente………………………………………………………..R$ 1.066,00
Piso para Técnico de Telecomunicações………………………………………..R$ 1.240,00
Piso para Cabista………………………………………………………….R$ 1.240,00
Piso para Técnico ADSL……………………………………………………..R$ 1.463,00
Piso para Técnico em Fibra Óptica……………………………………………R$ 1.580,00
Piso para Técnico Multi Função Par metálico (LA, ADSL, TUP, OI TV)………………R$ 1.464,00
Piso para Técnico Multi Função Fibra Óptica (LA, ADSL, TUP, OI TV)………………R$ 1.590,00
A CCT Nacional garantiu negociações unificadas, com pisos salariais e reajustes iguais para os/as trabalhadores/as. Só a Telemont/Oi é que rejeita fazer parte desta Convenção. Alega que tem unidades e diretorias regionais diferentes e, por isso, o certo pra ela é fazer acordos em separado com os sindicatos de cada estado. A postura inflexível tem o objetivo de enfraquecer as negociações e demonstra pouca vontade da empresa em buscar solucionar problemas comuns nos estados onde atua.
A empresa, em momento algum se preocupou em melhorar o piso dos trabalhadores. Disse não ter condições financeiras para isso, que se o fizer terá um impacto brutal em seu caixa. Citou, como exemplo, o piso salarial do técnico multiskil que, para contemplá-lo a empresa teria que dar um reajuste muito além do INPC. Quer que um único trabalhador seja especialista e faça o trabalho de três, mas não quer reconhecer seu valor. A empresa nunca manifestou o interesse de vir melhorando a cada ano os pisos, lembrando ainda que ao assumir o contrato da planta externa em abril/10 não concedeu o reajuste da data base, deixando os salários congelados por dois anos.