Com o ridículo pretexto de controlar o ponto dos empregados, a GVT “inova” na forma assédio para gerir a frequência de seus trabalhadores.
Começou no dia 1º de abril, mas não é pegadinha. A gerência da GVT instituiu um novo tipo de cartão de ponto: reúne os técnicos ADSL e instaladores, coloca o jornal A Tribuna na mão deles e clica a galera. Depois envia o flagrante para a chefia.
Numa demonstração clara de assédio moral, desde a última segunda-feira a empresa expõe os empregados a um constrangimento inaceitável. Ela adotou a “inovação” em todas as suas bases no Estado.
Todo dia, cada trabalhador que atua como técnico ADSL e instaladores precisam posar para uma foto segurando a capa de um jornal – no caso, o Jornal A tribuna – para comprovar que compareceu ao trabalho, desabafou um técnico, que fez a denúncia ao Sinttel. Os motivos, segundo esse técnico, é mostrar para o chefe que todos foram trabalhar. Mas esse argumento cai por terra, porque os técnicos, que também são os motoristas dos veículos da empresa, assinam um documento para poder pegar as chaves do carro. Então, isso, por si só, já demonstra a presença do empregado no local de trabalho.
O presidente do Sinttel-ES, Nilson Hoffmann, criticou as atitudes da empresa e vem mantendo contato telefônico e por e-mail com a gerência, na tentativa de minimizar as humilhações. “Fatos como esse nos remetem à propaganda que a empresa maciçamente faz nos meios de comunicação, de que possui a internet mais rápida do país. É ultramega os seus serviços, mas quando se refere aos empregados a tecnologia ainda é do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça. Temos certeza que existem no mercado ferramentas de RH muito mais apropriadas para fazer o controle de frequência do que esta”, ironizou Hoffmann.
RH funciona em Curitiba
A GVT atua no ES, mas não trouxe a estrutura administrativa para o Estado. Toda a parte de Recursos Humanos é feita em Curitiba, no Paraná. “Esse é um entrave nas relações de trabalho, pois a Carteiras de Trabalho, por exemplo, ficam retidas vários dias, ferindo fragorosamente a legislação. Os problemas de excesso de jornada, uma constante, também são difíceis de resolver”, destaca o presidente do Sinttel-ES, que vem recebendo as constantes queixas dos trabalhadores. Eles contam que são contratados para trabalhar no ES e, sem comunicação prévia, são escalados para viajar para outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. “Ficamos até 15 dias fora”, disse um deles.
O Sinttel, que vem cobrando uma solução da empresa, através de e-mails e telefonemas, fará uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT-ES) que não terá dificuldades em fiscalizá-la, pois é vizinho da GVT. Ambos estão instalados no mesmo prédio, na Avenida Adalberto Simão Nader, na Mata da Praia.