Teleatendimento

Começa a luta por reajustes nos Acordos Coletivos dos call centers

O salário mínimo de 2025 já tem valor definido em R$ 1.518,00, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente Lula. E se o salário mínimo aumenta de valor, os teleoperadores das empresas de call center, de recuperação de crédito e vendas também precisam ter os salários reajustados.

Quanto vale a sua força de trabalho? é o slogan da campanha salarial do Sindicato no teleatendimento desse ano

E Janeiro é o mês da data base de discussão e negociação dos Acordos Coletivos com as empresas do Teleatendimento: Sollo Brasil, Comunica Contact Center, Ideia, Inova, Caper, Annellus, entre outras e BrasilCenter — que até o ano passado a negociação era em abril e, agora, se junta com as outras empresas em janeiro.

A meta do Sindicato é conquistar reajustes salariais e nos benefícios acima da inflação registrada no ano passado que foi de 4,77% e corrigir distorções como o valor muito baixo do tíquete para os teleoperadores em todas as empresas.

Outra reivindicação que o SINTTEL-ES vai buscar com todos os argumentos e forças, é estender o valor do tíquete nas férias na Comunica e na BrasilCenter. E também reivindicar o benefício das mães  (auxílio creche) também para os empregados pais.

Alimentação cara e salários baixos

O governo do presidente Lula se esforçou e o PIB cresceu para 3,3% em 2024. Houve aumento da renda e cerca de 8,7 milhões de pessoas saíram da miséria e pobreza. O desemprego chegou ao patamar mais baixo da série histórica e o Brasil voltou a ocupar um lugar entre as 10 maiores economias do mundo. Porém, a classe trabalhadora tem dificuldade em fazer o salário chegar ao fim do mês e pagar todas as contas.

Só para gente ter uma ideia, em dezembro de 2024, o salário mínimo no Brasil deveria ter sido de R$7.067,68, segundo estimativa que é feita pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas e Socioeconômicas, uma entidade independente mantida pelos sindicatos.

O valor é cinco vezes maior do que o piso real era naquele mês de R$1.412. E, mesmo com o reajuste a partir de 2025, e que recebe a correção pela inflação e aumento real de 2,5% conforme a nova regra fiscal, o valor de R$ 1.518 é 4,6 vezes menor do que o que seria necessário, segundo o DIEESE. Certamente, quando se estimar o quanto seria necessário neste janeiro, a renda mínima estará ainda mais defasada.

O Brasil tem salários muito baixos. Não é de hoje. E quando se fala em aumentar os salários, os banqueiros, os empresários, os fazendeiros, a elite abastada que juntos formam o tal mercado, alardeiam que o Brasil vai quebrar. Ou seja, o governo faz a sua parte, enfrentanto críticas de muitos setores contrários, ajudando a classe trabalhadora com os programas sociais tipo bolsa família, vale gás,  Benefício de Prestação Continuada (BPC), Tarifa Social de Energia Elétrica, Minha Casa Minha Vida, Renova, Poupança Ensino Médio (Pé de Meia),  Água Para Todos (Cisternas), Fies, Bolsa Atleta, Programa de fomento às atividades rurais, Auxílio Reconstrução, Seguro Defeso (Pescador Artesanal), e etc. Mas o salário é pago pelos patrões, que só sabem desvalorizá-lo.

Como se chega ao valor que evidencia tanta discrepância de R$7.067,68 para R$ 1.518,00 ?

Para realizar o cálculo de quanto deveria ser o piso no país, o DIEESE  parte do pressuposto que há na lei que o criou, em 1938. O texto prevê que o gasto com alimentação de um trabalhador adulto não será inferior ao custo da cesta básica de alimentos.

Considera-se também a Constituição que diz que o mínimo deve ser capaz de “atender às suas necessidades vitais básicas (do trabalhador)e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos”.

A família

Por fim, toma-se por base uma família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças – que consumiriam como um adulto. Assim, o Dieese multiplica o maior valor da cesta básica mensal entre as capitais – que em dezembro foi de R$ 841,29, na cidade de São Paulo – por três adultos, na família.  O valor da cesta básica em Vitória foi de R$ 747,42.

O resultado dessa multiplicação, segundo a metodologia dos economistas do DIEESE, representa 35,71% do que seria a renda de uma família de baixa renda. Ou seja, o montante destinado a alimentação.

O restante dos R$ 7.067,68 é dividido entre despesas com habitação, vestuário, saúde, equipamentos domésticos, transporte, educação, recreação, despesas pessoais e despesas diversas. Cada uma delas tem um percentual específico para compor o que seria o salário mínimo.

Ficou em 4,77% o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que, atenção, é diferente do IPCA.

Usado para corrigir o poder de compra dos salários, é o que determina o reajuste dos aposentados e pensionistas do INSS que ganham acima do piso. Salários com esse percentual de correção começam a ser pagos em 3 de fevereiro/2025. Para quem ganha o piso, a partir de 27 de janeiro.