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Carta do Sinttel-ES ao novo presidente da Oi Zeinal Bava

06/06/2013 - 9h22 - Sinttel-ES - Tania Trento
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Bem-vindo senhor presidente da Oi.

Tens um grande desafio a cumprir com milhares de trabalhadores e trabalhadoras nesta sua nova empreitada na Oi: acabar com as mazelas, sofrimentos, exploração e precarização salarial, moral e do trabalho dos seus colaboradores. Ou, pelo menos, minimizá-los.

O Sinttel-ES pergunta: conheces os problemas enfrentados pelos trabalhadores terceirizados de rede externa e dos call centeres, empregados da e para a Oi, em todo o Brasil?

Permita-nos apresentar em que condições os seus colaboradores, principalmente, os indiretos sobrevivem. Sim, sobrevivem, porque se o senhor pudesse ver como e onde trabalham e o que recebem para levar comunicação/telefonia à toda a população, veria que se trata de um grande desrespeito. Certamente o senhor ficaria indignado.

As condições de trabalho impostas aos terceirizados não correspondem aos ideais constitucionais de importância do valor social do trabalho ou de respeito à dignidade humana. A realidade cotidiana desses muitos empregados revela discriminação salarial injustificável; mitigação de direitos constitucionais assegurados aos trabalhadores diretos da empresa contratante e maior exposição a riscos de acidentes de trabalho. O Brasil, não sei se o senhor sabe, é campeão mundial em número de mortes por acidentes de trabalho, porque aqui, os empresários não têm limite para o lucro. Impõem, sim, limite à remuneração dos assalariados.

E isso se repete com os/as companheiros/as que laboram nos teleatendimentos (call centeres), tamanha a precarização do trabalho, a pressão por metas e resultados, com ampliação das situações de risco, dos acidentes e doenças, do crescimento da rotatividade e o rebaixamento salarial.

As empresas que prestam serviços na planta externa da Oi, exploram sem dó seus empregados, que se vêm acuados diante das pressões, extensão de jornadas, desrespeito às escalas, sonegação de pagamentos em horas extraordinárias e produtividade.

Essas empresas só contratam trabalhadores que possuem um automóvel. Elas impõem essa condição, porque usam os veículos dos próprios trabalhadores para realizarem os serviços de atendimento à população. Não, não é de graça, mas é quase. Pagam um aluguel mixo, que é uma expressão derivada de mixuruca e que quer dizer pouco ou quase nada.

O salário de pouco mais de R$ 700 (US$ 330) é um tantinho acima do salário mínimo R$ 678 (U$$ 319). O aluguel dos veículos R$ 710,00 é um engodo, pois ao invés de aumentar a renda do trabalhador, é uma estratégia do empresariado para não pagar salários dignos. E no final é o trabalhador que praticamente paga para trabalhar.

Só para o senhor ter uma ideia, um companheiro nosso aqui do Estado Espírito Santo, que faz o trabalho de instalador de telefones para a Telemont, resolveu somar e calcular tudo o que gasta de manutenção com o seu veículo. Anotou todas as despesas com peças e serviços de dezembro de 2012 a maio de 2013. O resultado foi que gastou só na manutenção R$ 1.231,00. Isso representa quase dois meses de aluguel, dos seis meses pesquisados. Ele roda de 70 a 80 Km por dia para cumprir a rota de trabalho. Ou seja, por ano, senhor presidente, os trabalhadores que alugam seus veículos para trabalhar na Telemont, só podem usufruir oito meses do aluguel, pois gastam o valor de quatro meses para manter os automóveis funcionando. Isso é só um exemplo, pois aqueles que atuam em regiões maiores e que precisam rodar mais de 1.000 km por mês, gastam muito mais, e precisam tirar do salário, que já é pouco, para mantê-los funcionando.

O veículo desse trabalhador é de 2007, está com 114 mil quilômetros rodados e ainda têm descontado no contracheque o seguro do carro, cujas parcelas somam R$ 68 em quatro vezes. Nessa conta, senhor presidente, o trabalhador não incluiu os impostos, como IPVA, licenciamento e seguro obrigatório do carro.

Os benefícios como plano de saúde e auxílio alimentação são os mais baixos do setor de telecomunicações. As mulheres que têm filhos pequenos não têm o direito ao auxílio creche. A data base da categoria é 1° de maio e a inflação acumulada do período é de 7,16%, porém a empresa não reajustou os salários e benefícios dos empregados. Recentemente, encaminhou uma proposta abaixo da inflação, que é uma verdadeira humilhação.

Os técnicos que hoje atendem aos usuários estão em números insuficientes e, portanto, precisam trabalhar mais de oito horas diárias ou têm de ficar de sobreaviso todos os dias da semana, pois as empresas os ameaçam, caso estes não estejam à disposição para trabalharem fora do horário normal.

Hoje, estes profissionais não têm mais vida social. Suas esposas, filhos, amigos e familiares passam os domingos e feriados sozinhos, enquanto eles trabalham.

Essa é a realidade daqueles que mantém os serviços de Oi funcionando em todo o país.

Na última semana de maio, em São Paulo, os trabalhadores em telecomunicação realizaram seu 4º Congresso Nacional e, desse encontro, que representou mais de 1 milhão de trabalhadores do setor, uma coisa foi definida: os sindicatos de trabalhadores não vão mais aceitar a precarização do trabalho e os baixos salários.

Portanto, senhor presidente, se o senhor quiser mudar essa realidade que envergonha a sociedade e o Brasil, pode contar com os sindicatos.

Boa Sorte!

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